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QUARENTENA PLATINA
Snow diz que medida pode inibir os investimentos e afirma que acordo com o FMI ainda está em aberto
Tesouro dos EUA critica controle de capitais
ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES
O secretário do Tesouro dos
EUA, John Snow, engrossou o
discurso contra o governo argentino justamente no momento em
que o país retoma as negociações
para a assinatura de um novo
acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Snow criticou a decisão o controle de capitais estrangeiros e disse que "ainda é prematuro" afirmar que
Washington vai apoiar a liberação de novos recursos ao país.
O decreto que determina a permanência, por pelo menos 180
dias, dos capitais estrangeiros foi
assinado ontem pelo presidente
Néstor Kirchner. A medida entra
em vigor na segunda-feira.
"Em geral, os controles de capital não são boas políticas, pois desestimulam o ingresso de fundos
e bens de capital que são fundamentais para o funcionamento de
uma economia", afirmou Snow
em entrevista à TV Bloomberg,
anteontem à noite.
O governo argentino não comentou as declarações, mas fontes do Ministério da Economia
disseram que o país já está "acostumado com a hostilidade dos
funcionários do governo norte-americano".
O funcionário do ministério
lembrou as gafes do ex-secretário
do Tesouro dos EUA Paul O'Neill,
que certa vez disse que os países
ajudados pelo FMI "deveriam impedir que o dinheiro do Fundo
fosse em contas da Suíça". A afirmação, na época, causou mal-estar no Brasil e na Argentina.
As declarações de Snow foram
feitas após o porta-voz do FMI,
Thomas Dawson, ter afirmado
que o Fundo não tem uma visão
"fortemente teológica" contrária
ao controle ao capital especulativo. Rebate ainda a intenção do
Fundo, confirmada também por
Dawson, de fechar um novo acordo com o país até agosto.
Os EUA são o principal acionista do Fundo. Isso significa que
qualquer liberação de recursos
precisa, necessariamente, ter o
aval do governo norte-americano, cujo dinheiro é controlado pelo Tesouro.
No dia 8 de julho chega à Argentina uma missão do Fundo para
revisar o acordo provisório assinado em janeiro deste ano. A intenção, segundo o governo argentino, seria aproveitar a mesma
missão para adiantar as negociações para o novo acordo, já que o
atual vence em agosto.
Em visita à Argentina, o diretor-gerente do Fundo, Horst Köhler,
afirmou que o objetivo seria firmar um acordo com prazo de três
anos que permitiria a liberação de
dinheiro novo ao país. Cogitou-se
na imprensa local que essa ajuda
poderia ser de aproximadamente
US$ 13 bilhões.
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