UOL


São Paulo, sábado, 28 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

QUARENTENA PLATINA

Snow diz que medida pode inibir os investimentos e afirma que acordo com o FMI ainda está em aberto

Tesouro dos EUA critica controle de capitais

ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

O secretário do Tesouro dos EUA, John Snow, engrossou o discurso contra o governo argentino justamente no momento em que o país retoma as negociações para a assinatura de um novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Snow criticou a decisão o controle de capitais estrangeiros e disse que "ainda é prematuro" afirmar que Washington vai apoiar a liberação de novos recursos ao país.
O decreto que determina a permanência, por pelo menos 180 dias, dos capitais estrangeiros foi assinado ontem pelo presidente Néstor Kirchner. A medida entra em vigor na segunda-feira.
"Em geral, os controles de capital não são boas políticas, pois desestimulam o ingresso de fundos e bens de capital que são fundamentais para o funcionamento de uma economia", afirmou Snow em entrevista à TV Bloomberg, anteontem à noite.
O governo argentino não comentou as declarações, mas fontes do Ministério da Economia disseram que o país já está "acostumado com a hostilidade dos funcionários do governo norte-americano".
O funcionário do ministério lembrou as gafes do ex-secretário do Tesouro dos EUA Paul O'Neill, que certa vez disse que os países ajudados pelo FMI "deveriam impedir que o dinheiro do Fundo fosse em contas da Suíça". A afirmação, na época, causou mal-estar no Brasil e na Argentina.
As declarações de Snow foram feitas após o porta-voz do FMI, Thomas Dawson, ter afirmado que o Fundo não tem uma visão "fortemente teológica" contrária ao controle ao capital especulativo. Rebate ainda a intenção do Fundo, confirmada também por Dawson, de fechar um novo acordo com o país até agosto.
Os EUA são o principal acionista do Fundo. Isso significa que qualquer liberação de recursos precisa, necessariamente, ter o aval do governo norte-americano, cujo dinheiro é controlado pelo Tesouro.
No dia 8 de julho chega à Argentina uma missão do Fundo para revisar o acordo provisório assinado em janeiro deste ano. A intenção, segundo o governo argentino, seria aproveitar a mesma missão para adiantar as negociações para o novo acordo, já que o atual vence em agosto.
Em visita à Argentina, o diretor-gerente do Fundo, Horst Köhler, afirmou que o objetivo seria firmar um acordo com prazo de três anos que permitiria a liberação de dinheiro novo ao país. Cogitou-se na imprensa local que essa ajuda poderia ser de aproximadamente US$ 13 bilhões.


Texto Anterior: Na berlinda: Brasil é menos competitivo, aponta estudo
Próximo Texto: Kirchner reafirma que não cede às exigências do FMI e do mercado
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.