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FUNDOS SOCIAIS
Saques superam depósitos desde março de 97, pressionados por demissões, aposentadorias e casa própria
Déficit anual do FGTS já supera R$ 1 bilhão
GABRIEL J. DE CARVALHO
da Redação
Os saques do FGTS (Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço)
acumulados em 12 meses já superam em mais de R$ 1 bilhão os depósitos no mesmo período.
A arrecadação líquida acumulada em 12 meses vem registrando
déficits desde setembro do ano
passado. De lá para cá os resultados negativos foram sistematicamente crescentes (ver gráfico).
Antes de março de 97, déficits
eram observados em um ou outro
mês, segundo números da Caixa
Econômica Federal (CEF). Desde
então, viraram rotina.
Só não ocorreu resultado negativo em janeiro e fevereiro passados, mas pelo fato de serem períodos em que, tradicionalmente, a
arrecadação dá um salto devido ao
pagamento do 13º salário.
O FGTS tem patrimônio ao redor de R$ 50 bilhões. Nos últimos
12 meses até maio, os depósitos
somaram R$ 14,20 bilhões, e os saques, R$ 15,23 bilhões, com déficit
recorde de R$ 1,032 bilhão.
Motivos
Esse agravamento da situação financeira do FGTS tem relação,
obviamente, com o aumento do
desemprego no país. Vagas aparecem, mas sem carteira assinada.
No ano passado, dos R$ 13,6 bilhões sacados, R$ 7 bilhões tiveram como motivo a dispensa sem
justa causa. Foram movimentadas
12,25 milhões de contas, 8,1 milhões delas devido a demissões.
A CEF atribui a arrecadação líquida negativa, além do desemprego, aos saques por aposentadoria e compra da casa própria.
Comparando-se as proporções
em cima da quantidade de contas
movimentadas, houve, de fato,
crescimento nesses dois tipos de
saque e relativa estabilidade no
motivado por desemprego. Mas,
quanto ao valor sacado, só a casa
própria tem avanço expressivo.
Em 1995, por exemplo, os saques
para casa própria corresponderam a 10,6% do total sacado. No
ano passado chegaram a 16,9%.
Esse crescimento está relacionado à maior oferta de crédito imobiliário e ao esforço da CEF para
quitação antecipada de dívidas.
As retiradas do FGTS por motivo
de aposentadoria se mantiveram
na faixa de 21% do valor retirado
nos últimos três anos.
Para tirar conclusões, o primeiro
trimestre é um período muito curto e influenciado por fatores sazonais, como férias e pós-Natal.
Mas, se o que ocorreu de janeiro a
março de 98 for o retrato do ano, a
participação dos saques por demissão vai crescer.
O montante sacado por demissão correspondeu a 58% do total
de R$ 2,1 bilhões. O percentual é
bem maior que os 51,5% da média
de 97, embora próximos dos 61%
em 95 e dos mesmos 58% em 96.
Além de demissão sem justa causa, aposentadoria e casa própria,
vírus HIV, câncer, inatividade da
conta e morte permitem o saque.
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