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Desemprego entre
dekasseguis é 12,4%
de Tóquio
O índice de desemprego entre
dekasseguis é de 12,4% da força de
trabalho da comunidade de brasileiros no país. A taxa é três vezes
mais elevada do que a do Japão.
O cálculo é baseado na mais ampla pesquisa sobre a situação econômica dos dekasseguis, elaborada por uma equipe de técnicos da
agência do Banespa no Japão e obtida com exclusividade pela Folha.
Analistas foram a 18 províncias
japonesas e atualizaram o cadastro
de 88 empreiteiras que negociam
mão-de-obra dos brasileiros.
Em maio de 1997, essas empreiteiras (11,5% do total) empregavam 21.407 brasileiros. No mês
passado, só 18.744.
As empreiteiras controlam a
contratação de brasileiros desde
1990, quando começou a onda dos
dekasseguis. Naquele ano, o governo japonês alterou a lei de imigração e permitiu a entrada de estrangeiros descendentes para trabalhos não especializados.
É um sistema de contratação peculiar. Funciona bem na bonança,
mas é nefasto na crise.
Os brasileiros não são empregados das indústrias, mas das empreiteiras. Quando há oferta de
emprego, elas os encaminham,
pagam salários e dão alojamento.
Se não há, os demitem e despejam.
Os dekasseguis sofrem o maior
ônus da crise porque se concentram nas áreas mais afetadas pela
queda da demanda interna, como
a automobilística, cuja produção
caiu 19,7% no último ano.
Mas os demitidos têm outra ótica: "Quando a crise aperta, eles
protegem os empregos dos japoneses e demitem os estrangeiros",
disse Carlos Saitama, um dos 150
brasileiros demitidos em abril de
uma indústria fornecedora de
componentes eletrônicos da Canon na província de Gunma.
A embaixada brasileira não têm
levantamentos sobre o assunto,
mas reconhece sua gravidade.
Para o embaixador brasileiro no
Japão, Fernando Reis, estar desempregado no Japão é especialmente ruim. "Os preços são altos
e os brasileiros queimam em alguns meses a poupança de anos."
Reis afirma que é preciso diferenciar a crise japonesa da de outros países asiáticos. "Não há pessoas passando fome."
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