São Paulo, domingo, 28 de junho de 1998

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Desemprego entre dekasseguis é 12,4%

de Tóquio

O índice de desemprego entre dekasseguis é de 12,4% da força de trabalho da comunidade de brasileiros no país. A taxa é três vezes mais elevada do que a do Japão.
O cálculo é baseado na mais ampla pesquisa sobre a situação econômica dos dekasseguis, elaborada por uma equipe de técnicos da agência do Banespa no Japão e obtida com exclusividade pela Folha.
Analistas foram a 18 províncias japonesas e atualizaram o cadastro de 88 empreiteiras que negociam mão-de-obra dos brasileiros.
Em maio de 1997, essas empreiteiras (11,5% do total) empregavam 21.407 brasileiros. No mês passado, só 18.744.
As empreiteiras controlam a contratação de brasileiros desde 1990, quando começou a onda dos dekasseguis. Naquele ano, o governo japonês alterou a lei de imigração e permitiu a entrada de estrangeiros descendentes para trabalhos não especializados.
É um sistema de contratação peculiar. Funciona bem na bonança, mas é nefasto na crise.
Os brasileiros não são empregados das indústrias, mas das empreiteiras. Quando há oferta de emprego, elas os encaminham, pagam salários e dão alojamento. Se não há, os demitem e despejam.
Os dekasseguis sofrem o maior ônus da crise porque se concentram nas áreas mais afetadas pela queda da demanda interna, como a automobilística, cuja produção caiu 19,7% no último ano.
Mas os demitidos têm outra ótica: "Quando a crise aperta, eles protegem os empregos dos japoneses e demitem os estrangeiros", disse Carlos Saitama, um dos 150 brasileiros demitidos em abril de uma indústria fornecedora de componentes eletrônicos da Canon na província de Gunma.
A embaixada brasileira não têm levantamentos sobre o assunto, mas reconhece sua gravidade.
Para o embaixador brasileiro no Japão, Fernando Reis, estar desempregado no Japão é especialmente ruim. "Os preços são altos e os brasileiros queimam em alguns meses a poupança de anos."
Reis afirma que é preciso diferenciar a crise japonesa da de outros países asiáticos. "Não há pessoas passando fome."



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