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TRIBUTAÇÃO
Em nove meses receita do II em Santos subiu 31%, fato atribuído à valoração aduaneira
Fisco arrecada mais na importação
da Redação
O sistema de valoração aduaneira -pelo qual o fisco tem condições de checar se o preço declarado pelo importador é ou não
real- vem surtindo efeitos rápidos sobre a arrecadação do Imposto de Importação (II).
De meados de 97 para cá a arrecadação do Imposto de Importação na Alfândega do porto de Santos cresceu 31%. Passou do patamar mensal de R$ 160 milhões para o de R$ 210 milhões, evolução
atribuída por Flávio Del Comuni,
superintendente da Receita Federal em São Paulo, ao sistema de
valoração aduaneira.
Em Santos, diz ele, o sistema
opera desde agosto/setembro do
ano passado. Para conferir seus
efeitos, foram levantados preços
médios anteriores. A partir daí
fez-se a comparação.
No caso de têxteis, o preço médio declarado pelos importadores
era de quase US$ 3 por quilo no
início de 97, oscilando até US$ 4
em abril. A partir de agosto o preço médio passou a subir, ficando
próximo a US$ 8 por quilo nos últimos três meses (ver gráfico).
Fenômeno semelhante foi observado em tecidos de malha, vestuário, telas de computador, monitores de vídeo e outros bens.
A intenção, explica, não é criar
entraves administrativos para o
importador, mas apenas saber se o
preço declarado é irreal.
Antes, exemplifica Del Comuni,
uma mesa de US$ 1.000 e alíquota
de 10% podia ser declarada por
apenas US$ 50. O Imposto de Importação equivalente a US$ 100
caía para US$ 5. A diferença de
US$ 95, devida ao fisco, era embolsada pelo importador.
Pequena variação de preço para
mercadorias iguais é normal, mas
uma de 90%, afirma ele, levanta
suspeita de que algo está errado. E
isso era comum antes que o sistema de valoração avançasse.
Parte dos dados que permitem o
cruzamento está já informatizada.
O próprio importador tem acesso
ao sistema e faz tudo por computador, inclusive o pagamento do
tributo. Outra depende do trabalho mais direto da fiscalização.
O sistema de valoração aduaneira, segundo o superintendente,
implica um aprendizado constante. Saber, por exemplo, que um
produto não pode valer tanto porque só a matéria-prima contida
nele custa mais. Como o cobre na
fiação elétrica.
Na dúvida, um valor não entra
no sistema informatizado. O preço mais baixo de arame importado
pode ser justificado pelo importador, por exemplo, pelo fato de
conter menos aço e mais estanho.
A avaliação de tudo isso depende
da experiência da Receita Federal,
incluindo o acompanhamento da
evolução tecnológica dos produtos, diz ele. "Nem tudo está perfeito, mas estamos caminhando",
completa o superintendente.
(GABRIEL J. DE CARVALHO)
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