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TRABALHO
Taxa bate média e preocupa
Desemprego
entre jovens
chega a 50%
O professor José Pastore, que leciona Relações de Trabalho na USP
GILBERTO DIMENSTEIN
do Conselho Editorial
O desemprego entre jovens é um
fenômeno crescente em todo o
país. Em todas as faixas etárias da
juventude, inclusive de 18 a 24
anos, a taxa de desocupação é bem
superior à média.
Levantamento realizado pela Folha nas regiões metropolitanas de
São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília,
Belo Horizonte, Porto Alegre e
Salvador mostra que, em determinadas faixas etárias, como de 15 a
17 anos, atinge os 50%.
"O desemprego atinge com
mais rigor os mais jovens", afirma o ministro do Trabalho, Edward Amadeo.
Segundo dados divulgados pelo
Seade ( Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados) quarta-feira passada, havia 1,6 milhão
de desempregados na região metropolitana de São Paulo em maio.
Quase a metade -740 mil-
abaixo dos 24 anos. Pela primeira
vez o Seade divulga os dados com
os números absolutos de jovens
desempregados.
Em Belo Horizonte, a taxa é semelhante à de São Paulo. Lá, chegam a 45% os desempregados entre 15 e 17 anos (49 mil jovens).
A preocupação com esse dado
está crescendo por suas implicações sociais (aumento da marginalidade) e econômicas, já que,
por trás do desemprego infanto-juvenil, existe uma mão-de-obra com baixa produtividade.
"Temos notado de forma inequívoca que os empregadores vêm
pedindo uma mão-de-obra com
mais escolaridade", afirma José
Pastore, professor de Relações de
Trabalho na Universidade de São
Paulo.
Isso significa, na prática, que os
jovens com baixa escolaridade
tendem a ser mais e mais afastados
do mercado de trabalho, tornando-se desempregados ou subempregados crônicos.
Em abril passado, Porto Alegre
registrou a maior taxa de desemprego na faixa etária dos 17 anos
desde 1992: 42%.
É um crescimento de 11,6% em
relação a abril do ano passado, segundo a Pesquisa de Emprego e
Desemprego da FEE (Fundação de
Economia e Estatística), ligada ao
Governo do Estado, em associação
com o Dieese.
No Distrito Federal, segundo levantamento do governo com o
Dieese, em abril havia 67 mil desempregados entre 17 e 24 anos.
Eram 59 mil no mesmo mês de 97.
Usando critérios diferentes dos
do Dieese, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) detectou a mesma tendência no Rio.
Desde que o Ipea começou a
acompanhar, em 1991, o emprego
no Rio, nunca a taxa de desocupação entre jovens de 15 a 24 anos foi
tão alta como nos quatro primeiros meses deste ano.
Nesse grupo, o desemprego alcançou 12,2% no quadrimestre
contra 8,7% no idêntico período
de 1997. "Houve um aumento expressivo", afirma o coordenador
da pesquisa no Rio, Lauro Ramos.
O Dieese detectou que, em abril,
havia em Salvador 333 mil desempregados: 45 mil de 14 a 17 anos.
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