São Paulo, quarta-feira, 28 de julho de 2004

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CRÉDITO

No primeiro semestre, empresas e bancos captam US$ 6,24 bi no exterior; 81% da dívida vencida no período foi renovada

Empréstimo privado no exterior cai 39%

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O cenário externo mais turbulento foi o principal responsável pelo menor volume captado pelo setor privado no mercado internacional no primeiro semestre deste ano. Nos primeiros seis meses de 2004, empresas e bancos brasileiros captaram lá fora um montante 39% inferior ao registrado em igual período de 2003.
Dados divulgados pela Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) mostram que o setor privado captou US$ 6,24 bilhões no exterior no primeiro semestre. O volume não foi suficiente nem para rolar os vencimentos de dívida externa privada concentrados no período. Segundo o Banco Central, foram renovados 81% dos vencimentos do semestre.
Já o mercado doméstico, embalado por novas aberturas de capital de empresas, como a Natura, registrou aumento de captação de recursos no período. Somadas, as operações de emissão de ações, debêntures e notas promissórias resultaram em um volume (R$ 5,059 bilhões) 15,5% superior ao do primeiro semestre de 2003.
"[No ano passado] havia um cenário muito favorável à captação externa, e as empresas aproveitaram o período para rolar dívidas e alongar prazos. Neste ano, o mercado internacional se fechou, devido à crise do petróleo e à possibilidade de aumento dos juros nos EUA. Isso inibiu empresas brasileiras na busca por dinheiro externo", diz o vice-presidente da Anbid, Luiz Fernando Resende.
O risco-país brasileiro, calculado pelo banco norte-americano JP Morgan, subiu nos primeiros seis meses deste ano -de 410 pontos em meados de janeiro para mais de 800 pontos em maio. A taxa de juros paga pelas instituições ao captarem lá fora acompanha o risco-país: quanto mais elevado, mais caro fica para fechar a operação.
Em 2003, com o cenário externo mais favorável, muitas empresas aproveitaram para captar recursos com a finalidade de quitarem dívidas que venceriam no futuro. Com isso, a taxa de rolagem de dívida privada no exterior no ano passado ficou em 115%.
"O cenário está menos nebuloso agora. O humor do mercado melhorou, e o setor privado deve voltar a captar com mais intensidade nos próximos meses. Muitas empresas e bancos tinham preferido postergar emissões externas planejadas até o mercado ficar menos tenso", avalia Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos.
Na opinião do vice-presidente da Anbid, a tendência é que os vencimentos privados no mercado externo para a segunda metade do ano -cerca de US$ 8 bilhões- sejam renovados.

Mercado doméstico
Quanto às emissões no mercado local neste segundo semestre, a perspectiva da Anbid é que haja um aumento substancial no segmento de ações. Segundo o vice-presidente da associação, a expectativa é que haja um grande número de operações relevantes, com pelo menos seis ofertas de abertura ou aumento de capital.
"Historicamente, o segundo semestre é melhor", diz Resende.
Na parte de renda fixa, o número de ofertas de debêntures aumentou, mas o montante financeiro diminuiu. Na primeira metade do ano, foram contabilizadas 11 ofertas, que somaram R$ 2,14 bilhões. No mesmo intervalo de 2003, foram registradas quatro emissões, com volume total de R$ 2,36 bilhões. Para a Anbid, é importante que haja uma expansão do mercado secundário de renda fixa para as emissões crescerem.


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