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CRÉDITO
No primeiro semestre, empresas e bancos captam US$ 6,24 bi no exterior; 81% da dívida vencida no período foi renovada
Empréstimo privado no exterior cai 39%
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O cenário externo mais turbulento foi o principal responsável
pelo menor volume captado pelo
setor privado no mercado internacional no primeiro semestre
deste ano. Nos primeiros seis meses de 2004, empresas e bancos
brasileiros captaram lá fora um
montante 39% inferior ao registrado em igual período de 2003.
Dados divulgados pela Anbid
(Associação Nacional dos Bancos
de Investimento) mostram que o
setor privado captou US$ 6,24 bilhões no exterior no primeiro semestre. O volume não foi suficiente nem para rolar os vencimentos de dívida externa privada
concentrados no período. Segundo o Banco Central, foram renovados 81% dos vencimentos do
semestre.
Já o mercado doméstico, embalado por novas aberturas de capital de empresas, como a Natura,
registrou aumento de captação de
recursos no período. Somadas, as
operações de emissão de ações,
debêntures e notas promissórias
resultaram em um volume (R$
5,059 bilhões) 15,5% superior ao
do primeiro semestre de 2003.
"[No ano passado] havia um cenário muito favorável à captação
externa, e as empresas aproveitaram o período para rolar dívidas e
alongar prazos. Neste ano, o mercado internacional se fechou, devido à crise do petróleo e à possibilidade de aumento dos juros
nos EUA. Isso inibiu empresas
brasileiras na busca por dinheiro
externo", diz o vice-presidente da
Anbid, Luiz Fernando Resende.
O risco-país brasileiro, calculado pelo banco norte-americano
JP Morgan, subiu nos primeiros
seis meses deste ano -de 410
pontos em meados de janeiro para mais de 800 pontos em maio. A
taxa de juros paga pelas instituições ao captarem lá fora acompanha o risco-país: quanto mais elevado, mais caro fica para fechar a
operação.
Em 2003, com o cenário externo
mais favorável, muitas empresas
aproveitaram para captar recursos com a finalidade de quitarem
dívidas que venceriam no futuro.
Com isso, a taxa de rolagem de dívida privada no exterior no ano
passado ficou em 115%.
"O cenário está menos nebuloso
agora. O humor do mercado melhorou, e o setor privado deve voltar a captar com mais intensidade
nos próximos meses. Muitas empresas e bancos tinham preferido
postergar emissões externas planejadas até o mercado ficar menos tenso", avalia Newton Rosa,
economista-chefe da Sul América
Investimentos.
Na opinião do vice-presidente
da Anbid, a tendência é que os
vencimentos privados no mercado externo para a segunda metade do ano -cerca de US$ 8 bilhões- sejam renovados.
Mercado doméstico
Quanto às emissões no mercado
local neste segundo semestre, a
perspectiva da Anbid é que haja
um aumento substancial no segmento de ações. Segundo o vice-presidente da associação, a expectativa é que haja um grande número de operações relevantes,
com pelo menos seis ofertas de
abertura ou aumento de capital.
"Historicamente, o segundo semestre é melhor", diz Resende.
Na parte de renda fixa, o número de ofertas de debêntures aumentou, mas o montante financeiro diminuiu. Na primeira metade do ano, foram contabilizadas
11 ofertas, que somaram R$ 2,14
bilhões. No mesmo intervalo de
2003, foram registradas quatro
emissões, com volume total de R$
2,36 bilhões. Para a Anbid, é importante que haja uma expansão
do mercado secundário de renda
fixa para as emissões crescerem.
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