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ENTENDA
BC só vai contar o que gasta em cada pagamento
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A mudança promovida pelo
BC no cálculo do déficit público pode ser comparada com a
situação de uma pessoa que
tem uma dívida em dólar para
pagar ao longo de um ano.
Se essa dívida for de US$ 200
e a pessoa pagá-la em dez vezes,
gastaria, com o dólar a R$ 2,00,
R$ 40 por mês. Restaria no segundo mês US$ 180. Caso a cotação suba 50% e chegue a R$ 3
neste mês, a segunda parcela a
ser paga seria de R$ 60.
É assim que o BC passará a
calcular o déficit nominal. Vai
contabilizar quanto efetivamente gasta a cada pagamento.
Pelo critério antigo, a situação do endividado seria diferente. No segundo mês, a alta
de 50% do dólar seria aplicada
a toda a dívida, e não só sobre
uma parcela. Isso quer dizer
que, se o dólar subisse a R$ 3, o
"déficit" seria de R$ 180, pois,
em reais, o saldo a pagar pularia de R$ 360 para R$ 540.
O BC calculava o déficit pela
variação da dívida do governo.
Se o endividamento passasse
de R$ 500 bilhões para R$ 550
bilhões entre um mês e outro, o
déficit nominal do período seria de R$ 50 bilhões.
O mesmo tratamento era dado para a dívida interna corrigida pelo câmbio. Se, de um
mês para o outro, o estoque da
dívida atrelada ao dólar passasse de R$ 100 bilhões para R$ 110
bilhões, o déficit do período teria subido R$ 10 bilhões.
Isso não significava, porém,
que o governo tivesse gasto R$
10 bilhões para o pagamento
dessas dívidas. A partir deste
mês, o BC passou a considerar
só as parcelas da dívida interna
atreladas ao câmbio efetivamente pagas no período.
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