São Paulo, sexta-feira, 28 de setembro de 2001

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ENTENDA

BC só vai contar o que gasta em cada pagamento

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A mudança promovida pelo BC no cálculo do déficit público pode ser comparada com a situação de uma pessoa que tem uma dívida em dólar para pagar ao longo de um ano.
Se essa dívida for de US$ 200 e a pessoa pagá-la em dez vezes, gastaria, com o dólar a R$ 2,00, R$ 40 por mês. Restaria no segundo mês US$ 180. Caso a cotação suba 50% e chegue a R$ 3 neste mês, a segunda parcela a ser paga seria de R$ 60.
É assim que o BC passará a calcular o déficit nominal. Vai contabilizar quanto efetivamente gasta a cada pagamento.
Pelo critério antigo, a situação do endividado seria diferente. No segundo mês, a alta de 50% do dólar seria aplicada a toda a dívida, e não só sobre uma parcela. Isso quer dizer que, se o dólar subisse a R$ 3, o "déficit" seria de R$ 180, pois, em reais, o saldo a pagar pularia de R$ 360 para R$ 540.
O BC calculava o déficit pela variação da dívida do governo. Se o endividamento passasse de R$ 500 bilhões para R$ 550 bilhões entre um mês e outro, o déficit nominal do período seria de R$ 50 bilhões.
O mesmo tratamento era dado para a dívida interna corrigida pelo câmbio. Se, de um mês para o outro, o estoque da dívida atrelada ao dólar passasse de R$ 100 bilhões para R$ 110 bilhões, o déficit do período teria subido R$ 10 bilhões.
Isso não significava, porém, que o governo tivesse gasto R$ 10 bilhões para o pagamento dessas dívidas. A partir deste mês, o BC passou a considerar só as parcelas da dívida interna atreladas ao câmbio efetivamente pagas no período.


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