ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Num ambiente marcado por discurso improvisado, alguns cutucões e recados velados aconteceu ontem a cerimônia de posse do novo presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, e do ocupante da cadeira da presidência do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Cláudio Vaz.
As eleições de 2004 tiveram um dos pleitos mais acirrados da história da federação. Pela primeira vez em 20 anos um candidato de oposição saiu vitorioso. Também de maneira inédita desde a sua fundação, em 1942, a Fiesp terá um presidente diferente do Ciesp.
Durante uma exposição curta, Paulo Skaf falou -sem preparação prévia- sobre o interesse da nova diretoria em buscar resultados por meio de medidas práticas "com mais engajamento político" e com uma atitude mais pró-ativa. Isso foi dito sem que Skaf comparasse diretamente os seus objetivos com a atuação anterior, de Horacio Lafer Piva.
Em entrevista, afirmou que "da maneira mais elegante possível" irá trabalhar ao lado do Ciesp.
Logo após terminar sua fala, foi a vez de Piva -que defendia a candidatura de Vaz à presidência da federação- fazer seu discurso de encerramento. Ele elogiou Vaz e disse acreditar que o novo presidente do Ciesp "vai fazer dele [do centro industrial] a força de que é de direito. Fazer [da entidade] um pássaro livre e um gavião ágil". Está em discussão neste momento, entre as direções das duas entidades, se Fiesp e Ciesp irão trabalhar de forma separada, com diretorias e departamentos separados, ou de maneira conjunta. Isso ainda não está definido.

"Avanço"
Piva afirmou ainda que, como industrial, na cadeira de acionista de uma das principais empresas de papel e papelão do país -ele é suplente do Conselho de Administração da Klabin-, pode dizer que a entrada de Vaz representa um avanço para o Ciesp.
Paulo Skaf não trabalha na indústria. Segundo a Folha informou, sua empresa da área têxtil parou de funcionar em 2001.
Vaz não esteve fisicamente presente na sala em que ocorreu o discurso de posse de Skaf. Ele assistiu a cerimônia por um telão em uma sala separada ao lado do evento. No entanto, logo depois, quando foi a sua vez de discursar, ele chamou o novo presidente da Fiesp para a mesa de convidados.
Vaz afirmou que "da melhor forma possível" irá discutir um caminho que possibilite o bom funcionamento das entidades. Nas próximas duas ou três semanas, representantes do Ciesp e da Fiesp discutirão como a federação e o centro industrial irão operar. Mas ele defendeu a manutenção da identidade do Ciesp.
Em entrevista à imprensa, questionado sobre o que acha da posição mais governista da Fiesp na nova direção, Vaz disse não poder afirmar se isso é uma realidade ou não. Mas que "o Ciesp não é nem nunca será [governista]".
Afirmou ainda: "Não vou pautar minha atuação pela centimetragem que ele [Skaf] aparece na mídia. Cada um tem o seu modo de fazer as coisas".


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