São Paulo, quinta-feira, 28 de novembro de 2002

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CRÉDITO

Empresas do setor já apresentaram novas tabelas às lojas; compras acima de seis pagamentos podem ficar mais caras

Juros no cartão devem subir mais ainda

Luana Fischer/Folha Imagem
Consumidor observa TV exposta em vitrine em São Paulo; compras pagas com cartões de crédito podem ter juros maiores


ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O conselho dado pelo Banco Central -para o consumidor fazer as compras de Natal pagando à vista- terá de ser seguido à risca pelos usuários do cartão de crédito. Segundo a Folha apurou, empresas do setor já apresentaram novas tabelas de taxas às lojas, o que deve encarecer mais as compras com o cartão.
As companhias querem elevar as taxas para compras acima de seis pagamentos. Até o momento, dependendo da rede varejista, a operação em até seis vezes é feita sem juros. A partir daí cobra-se uma taxa que varia de 1,5% a 2% ao mês. No Eletro, está em 1,90% nas compras entre 6 e 12 parcelas; no Ponto Frio, em 1,80%. A idéia é empurrar um aumento de 0,5 ponto a 1 ponto percentual.
Temendo perder vendas, o comércio se nega a aceitar a proposta. E tenta buscar formas de driblar essa imposição das administradoras de cartão. "Essa pressão das empresas é um fato. Mas eles estão dando um tiro no pé. Além de desestimular a compra, ainda acabam estimulando as redes a optar por outros mecanismos de venda", diz Murillo Tavares, diretor geral do site Submarino.
A lógica das empresas como Visa e Mastercard, que têm por trás grandes bancos, como Itaú e Bradesco, porém, é outra. Ao elevar as taxas, elas tentam repassar ao cliente o aumento em seus custos financeiros -que ocorreu recentemente, depois que o governo decidiu elevar a taxa Selic de 18% para 21% e depois para 22%.

Efeito dominó preocupa
A decisão de propor reajustes ocorre três meses após as companhias terem feito outra tentativa semelhante. A idéia era elevar as taxas para compras em mais parcelas -12 vezes, por exemplo. As grandes redes, que negociam sempre as taxas com as empresas, não aceitaram. Mas a proposta voltou a ser apresentada.
O que preocupa o varejo é que, no começo de 2003, pressionadas pela queda nas vendas, algumas grandes redes acabem cedendo à pressão das companhias. Isso acaba provocando um efeito dominó, e outras lojas tendem a seguir o mesmo caminho.
Atualmente, é possível comprar uma TV de 20 polegadas (Philco) por R$ 549. Em seis vezes, sem juros, o preço é o mesmo. Em 12 vezes, com taxa de 1,80%, sobe para R$ 612,72, no Ponto Frio.
A possibilidade de aumento nos juros em 0,5 ponto faz com que o preço da TV passe a custar pouco mais de R$ 640 em 12 vezes, segundo informa a área técnica da Anefac, associação de executivos de finanças e administração.
As empresas de cartões não se manifestaram sobre o assunto.


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