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Taxa alta deverá frear o consumo
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAl
A alta das taxas dos juros cobrados pelos bancos nos empréstimos a pessoas físicas poderá ter
como consequência a diminuição
no consumo no final do ano.
Juros altos são acompanhados
de outros inibidores: bancos e financeiras tornam-se mais seletivos na concessão de crédito por
temerem a inadimplência. Uma
segunda providência é encurtar
os prazos de financiamento.
"O crédito até existe. Mas o próprio consumidor desiste de comprar por conta do custo. O cliente
que desiste é justamente aquele
mais prudente, que avalia melhor
as condições e que seria o melhor
pagador", diz Oswaldo de Freitas
Queiroz, sócio-diretor da Servloj,
que administra o crediário de cerca de 600 lojas no país.
Em setembro, quando o BC aumentou a taxa básica de juros (Selic) de 18% para 21% (hoje está em
22%), a empresa diminuiu os prazos máximos de financiamento
de 12 para 9 meses -mas evitou o
repasse integral da alta dos juros
básicos. Não adiantou: deverá fechar o ano com queda de 5% em
relação aos R$ 70 milhões financiados em 2001.
Quando a taxa Selic sobe as primeiras modalidades de empréstimos a sofrer são as de veículos e as
de crédito pessoal (nas quais o
cliente busca dinheiro em um
banco para comprar um bem). Isso porque o spread (diferença entre o custo de captação e a receita
com o repasse do dinheiro) é menor nessas modalidades, diz José
Arthur Assunção, vice-presidente
da Acrefi (Associação Nacional
das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento).
"As financeiras, como têm spread
maior, mexem menos nos juros".
Em outubro, segundo a apuração
do BC, as taxas médias cobradas
pelos bancos para o crédito pessoal foram de 5,44% ao mês. Nas
financeiras, a média foi de 9%.
"Enquanto a prestação couber
no bolso, haverá procura por crédito. O consumo só é inibido
quando ela aumenta a um nível
que não se encaixa no orçamento", destoa Ricardo Malcon, da
associação das financeiras.
Abram Szajman, presidente da
Fecomercio-SP, apresentou ressalvas aos comentários do chefe
do Departamento Econômico do
Banco Central, Altamir Lopes, para quem "seria bom que, se possível, as pessoas fizessem as compras de Natal à vista".
"O BC está fazendo o papel dele.
Agora, falar para comprarem à
vista é simples. Só deveriam explicar como comprar à vista se as
pessoas não têm renda", afirmou.
A Federação estima que o faturamento do comércio em São
Paulo ficará entre 5% e 6% maior
que no ano passado. A alta será
puxada pelas vendas de supermercados e de medicamentos, e
não de bens de consumo.
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