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Lula ameniza discurso, mas volta a fazer críticas ao empresariado
GABRIELA ATHIAS
ENVIADA ESPECIAL A MUMBAI
No último discurso que fez na
Índia, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva amenizou a retórica
em relação aos empresários brasileiros. Anteontem, Lula havia feito uma crítica pública ao setor
diante de uma platéia formada
por 150 grandes empresários indianos e 30 brasileiros, na cidade
de Nova Déli, a capital do país.
"Houve quem achasse que fui
duro com meus companheiros
empresários brasileiros quando
os desafiei", disse ontem, acrescentando: "Temos que desafiar a
cada dia, não aqueles que estão
aqui e que têm viajado pelo mundo, mas aqueles que ficam dentro
dos seus países, esperando milagres. No mundo dos negócios,
não há milagre. Há trabalho, persistência e perseverança".
Quando criticou os empresários, Lula afirmou que os indianos
são mais "ousados" por já terem
aberto um escritório no Brasil para cuidar dos seus interesses.
Os brasileiros ainda não tomaram iniciativa semelhante. Na
ocasião, Lula afirmou, também,
que os empresários brasileiros deveriam vender mais e reclamar
menos.
O discurso que Lula fez em Nova Déli desagradou aos empresários nacionais.
Fazer as pazes
Robson Andrade, vice-presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), que foi à Índia a convite de Lula, reagiu dizendo que as empresas nacionais
fazem um "esforço" de exportação, mas que os brasileiros competem em condições desfavoráveis no exterior porque convivem
com altas taxas de juros.
Ontem, ao ouvir o novo discurso de Lula, Andrade mudou de
opinião: "O presidente amenizou
o tom e deixou claro que não estava se referindo aos empresários
que estão aqui na Índia. Enfim, ele
se explicou melhor".
Para José Augusto Fernandes,
também da CNI, Lula "contextualizou melhor suas idéias".
Logo no início do discurso de
ontem, Lula deixou claro que gostaria de "fazer as pazes" com os
empresários. Apresentou à platéia os 80 empresários brasileiros
presentes ao seminário como
"um respeitável grupo que está
buscando parceiros e sócios para
seus investimentos tanto aqui
quanto no Brasil".
O seminário entre empresários
brasileiros e indianos aconteceu
no luxuoso hotel Maharata Sheraton, localizado a 40 km do centro
de Mumbai.
Elogios
Lula ainda aproveitou o último
discurso para agradecer à hospitalidade do primeiro-ministro,
Atal Behari Vajpayee, e do presidente Abdul Kalam. Mas, como
estava falando de improviso, acabou cometendo um deslize.
Empolgado pela visita feita horas antes ao Taj Mahal, um dos
monumentos mais famosos da
Índia, disse: "Um país que consegue preservar um monumento
daquela magnitude tem tudo para
ser um país mais desenvolvido do
que a Índia é hoje".
Os principais jornais indianos
voltaram a publicar ontem reportagens elogiando o presidente
brasileiro. Citaram sua liderança
entre os países menos desenvolvidos e tomaram como novidade o
objetivo de crescimento econômico acompanhado de inclusão
social.
As lideranças empresariais e políticas indianas também têm feito
elogios públicos a Lula. Os empresários daquele país, ao final do
discurso de despedida, o aplaudiram de pé.
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