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RECEITA ORTODOXA
Meta do governo em 2005 é reduzir dívida atrelada à Selic
Tesouro descarta elevar aperto fiscal
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, disse ontem
que o governo não vai precisar
aumentar o superávit primário
neste ano, que deve ficar em
4,25% do PIB (Produto Interno
Bruto). Em 2004, a meta foi de
4,5% do PIB.
Superávit primário é quanto o
governo economiza da receita para o pagamento de juros da dívida. "A dívida vem caindo com relação ao PIB, e nossa hipótese
operacional é manter o superávit
primário em 4,25% ao ano para
estabilizar a dívida", disse.
Segundo Levy, se no ano passado o foco do governo foi reduzir a
proporção da dívida corrigida pelo câmbio -que caiu de 10,8%
para 5,2% do total da dívida-,
neste ano o foco será reduzir os
papéis atrelados à taxa Selic, que
equivalem a 57,1% da dívida.
Em dezembro do ano passado,
20% da dívida eram títulos prefixados. Em 2003, esses títulos
equivaliam a 12,5% do total de papéis em circulação. Segundo Levy,
essa mudança reduz o risco do
governo, já que o custo dos papéis
é conhecido antecipadamente.
Ao aumentar o número de títulos com correção prefixada, o tamanho da dívida do governo fica
menos vulnerável ao aumento da
taxa de juros, promovida pelo BC.
Depois do último aumento da
Selic, a taxa básica de juros, que
atualmente é de 18,25%, e da divulgação da última ata do Copom
(Comitê de Política Monetária),
que sinalizou futuros reajustes da
Selic, analistas e o mercado previram que o governo teria que aumentar o esforço fiscal para manter a trajetória de redução da relação dívida-PIB, iniciada em 2003.
Levy disse que nos últimos dois
anos houve uma "melhora na
qualidade da dívida pública", resultado da redução dos papéis baseados na variação do dólar, do
alongamento dos prazos dos investimentos e da variação dos resgates de diferentes papéis em datas diferentes.
Atualmente a dívida pública do
governo equivale a 51,8% do PIB.
Em dezembro de 2003, a dívida
era igual a 57,2% do PIB. O secretário previu que em 2006 essa proporção fique abaixo de 50%.
Segundo ele, se o país mantiver
a taxa de juros estável, continuar
produzindo superávit fiscal de
4,25%, déficit nominal de 3% e
produzir um crescimento nominal (sem descontar a inflação) do
PIB entre 7% e 8%, a relação dívida-PIB deverá cair entre dois e
três pontos percentuais.
No ano passado a dívida contraída pelo governo federal cresceu 11%, mas a mudança do perfil
da dívida reduziu a proporção do
endividamento. Em dezembro, os
títulos em circulação no país somavam R$ 811,97 bilhões. Como
57,1% dos títulos são corrigidos
pela Selic, cada vez que o governo
eleva os juros, a dívida aumenta.
Para diminuir a dívida, o governo tem de reduzir investimentos e
cortar gastos.
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