São Paulo, sábado, 29 de janeiro de 2005

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VÔO DA ÁGUIA

PIB do país se expande 4,4% em 2004, puxado pelo consumo, mas último trimestre mostra desaceleração

EUA têm maior crescimento desde 1999

DA REDAÇÃO

O PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos teve aumento de 4,4% em 2004, a maior taxa desde 1999, quando a economia cresceu 4,5%. Em 2003, o crescimento foi de 3%. No entanto, os dados divulgados ontem pelo Departamento de Comércio dos EUA também mostraram que o crescimento teve desaceleração no quarto trimestre do ano.
A expansão em 2004 foi puxada pelo consumo, que representou cerca de 70% do PIB e cresceu 3,8%, e pelo investimento privado, que teve alta de 12,9%.
No trimestre de outubro a dezembro, o crescimento da economia ficou abaixo da expectativa do mercado. A taxa anualizada ficou em 3,1%, ante 4% no trimestre anterior. Economistas esperavam expansão de 3,5%.
O vilão da desaceleração foi o déficit comercial, que segue crescendo. No quarto trimestre, as exportações caíram 3,9% e as importações subiram 9,1%.
O aumento do déficit comercial tem sido uma preocupação para o governo de George W. Bush. O presidente já disse que o melhor modo de reduzir o déficit é abrir mercados a produtos americanos, mas críticos dizem que as políticas de livre-comércio apoiadas por ele tiram empregos do país.
Há críticas também à política de Bush em relação ao dólar. O valor da moeda americana vem caindo ante outras moedas desde ano passado e o governo é pressionado para segurar a queda.
A oposição, porém, diz que o governo defende abertamente o dólar forte mas secretamente prefere deixar a moeda cair, tornando as exportações do país mais competitivas e reduzindo assim o déficit comercial.

Inflação
Outro sinal negativo foi o aumento da inflação no quarto trimestre. O índice divulgado junto com o PIB ficou em 2,5%, ante 1,3% no trimestre anterior, puxado, novamente, pelo aumento dos preços da energia.
A inflação, porém, não desencorajou o consumo, que subiu 4,6% no trimestre.
Analistas dizerem que a taxa não é preocupante e que não há razão para o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) acelerar a alta dos juros básicos. O Fed se reúne na próxima semana e a expectativa no mercado é que o órgão aumente a taxa básica de juros da economia em 0,25 ponto percentual, a 2,5% ao ano.
O Fed vem elevando a taxa em pequenos incrementos desde o ano passado, em um esforço para conter a pressão inflacionária.

Política
A notícia da desaceleração da economia vem em um momento em que Bush tenta obter apoio para seus planos econômicos para o segundo mandato. Os principais são a privatização da Seguridade Social e a reforma do código tributário.
As mudanças têm como objetivo reduzir gastos do governo. Bush já prometeu reduzir o déficit orçamentário pela metade até 2009, mas críticos dizem que as reformas teriam custos muito altos para um orçamento já altamente deficitário.

Trabalho
O resultado do PIB e os dados mais recentes, como as encomendas de bens duráveis, que cresceram 0,6%, em dezembro, apontam para um crescimento robusto da economia, segundo analistas.
No entanto, a criação de vagas não tem acompanhado a expansão, já que muitas empresas estão cortando custos e levando operações para fora do país.
Apesar disso, a massa de salários teve o primeiro aumento em três anos em 2004.


Com agências internacionais

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