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MERCADO FINANCEIRO
Investidor tira recursos da poupança e de ações em busca de rentabilidade; patrimônio bate recorde
Juro alto atrai R$ 20 bilhões para fundos
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A recuperação dos fundos de investimento, após o tombo sofrido
no ano passado, tem ganhado força com os altos juros praticados
atualmente no mercado brasileiro. No ano, a captação líquida
-diferença entre saques e aplicações- dos fundos está positiva
em R$ 20 bilhões, segundo a Anbid (Associação Nacional dos
Bancos de Investimento).
A série histórica elaborada pelo
site Fortuna mostra que nunca
houve tanto dinheiro nos fundos
de investimento. O patrimônio líquido total dos fundos alcançou
os R$ 327,6 bilhões no último dia
26, segundo o Fortuna.
No ano passado, os saques nos
fundos superaram as aplicações
em volume recorde, mais de R$ 60
bilhões. A sangria foi resultado da
marcação a mercado -novo tipo
de contabilização dos papéis que
compunham os fundos- imposta pelo governo no fim de maio. O
medo de que a nova regra engolisse a rentabilidade das aplicações
causou a fuga dos fundos.
A reabilitação do setor tem sido
impulsionada pelos fundos DI e
de renda fixa. Essas aplicações
acompanham a variação dos juros, e sua rentabilidade tem sido
favorecida pelas sucessivas elevações da taxa básica, hoje em
26,5% anuais.
Até o último dia 24, os fundos
de renda fixa acumulavam ganho
médio de 6,3% no ano. Ou seja,
conseguiram igualar a inflação
-medida pelo IGP-M- do período. Nos últimos meses, os investidores têm encontrado dificuldades para ganhar da inflação.
"A percepção do mercado é que
os juros seguirão em alta ainda
por algum tempo. Por isso, as
aplicações que seguem os juros
vão prosseguir atraindo investidores", diz Alexandre Sant'Anna,
da ARX Capital Management.
Somente os fundos de renda fixa têm captação positiva no ano
de R$ 8,9 bilhões. Os fundos DI
acumulam captação de outros R$
5,5 bilhões no ano, como mostram dados da Anbid.
Quem perde
Quem tem perdido nesse cenário são os fundos de ações e a caderneta de poupança. A busca por
rendimentos maiores tem feito
investidores sair dessas aplicações. Nos fundos de ações, os saques superam as aplicações em
R$ 395 milhões no ano. Isso reflete o baixo retorno da Bolsa, que
tem alta de apenas 1,1% no ano.
A sangria das cadernetas de
poupança é ainda maior. Somente nos dois primeiros meses do
ano, a captação foi negativa em
R$ 2,6 bilhões, segundo o BC.
Quando houve a marcação a mercado, o movimento foi inverso,
com investidores trocando DI e
renda fixa pela poupança, que teve em junho de 2002 captação recorde de mais de R$ 5 bilhões.
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