UOL


São Paulo, sábado, 29 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MERCADO FINANCEIRO

Investidor tira recursos da poupança e de ações em busca de rentabilidade; patrimônio bate recorde

Juro alto atrai R$ 20 bilhões para fundos

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A recuperação dos fundos de investimento, após o tombo sofrido no ano passado, tem ganhado força com os altos juros praticados atualmente no mercado brasileiro. No ano, a captação líquida -diferença entre saques e aplicações- dos fundos está positiva em R$ 20 bilhões, segundo a Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).
A série histórica elaborada pelo site Fortuna mostra que nunca houve tanto dinheiro nos fundos de investimento. O patrimônio líquido total dos fundos alcançou os R$ 327,6 bilhões no último dia 26, segundo o Fortuna.
No ano passado, os saques nos fundos superaram as aplicações em volume recorde, mais de R$ 60 bilhões. A sangria foi resultado da marcação a mercado -novo tipo de contabilização dos papéis que compunham os fundos- imposta pelo governo no fim de maio. O medo de que a nova regra engolisse a rentabilidade das aplicações causou a fuga dos fundos.
A reabilitação do setor tem sido impulsionada pelos fundos DI e de renda fixa. Essas aplicações acompanham a variação dos juros, e sua rentabilidade tem sido favorecida pelas sucessivas elevações da taxa básica, hoje em 26,5% anuais.
Até o último dia 24, os fundos de renda fixa acumulavam ganho médio de 6,3% no ano. Ou seja, conseguiram igualar a inflação -medida pelo IGP-M- do período. Nos últimos meses, os investidores têm encontrado dificuldades para ganhar da inflação.
"A percepção do mercado é que os juros seguirão em alta ainda por algum tempo. Por isso, as aplicações que seguem os juros vão prosseguir atraindo investidores", diz Alexandre Sant'Anna, da ARX Capital Management.
Somente os fundos de renda fixa têm captação positiva no ano de R$ 8,9 bilhões. Os fundos DI acumulam captação de outros R$ 5,5 bilhões no ano, como mostram dados da Anbid.

Quem perde
Quem tem perdido nesse cenário são os fundos de ações e a caderneta de poupança. A busca por rendimentos maiores tem feito investidores sair dessas aplicações. Nos fundos de ações, os saques superam as aplicações em R$ 395 milhões no ano. Isso reflete o baixo retorno da Bolsa, que tem alta de apenas 1,1% no ano.
A sangria das cadernetas de poupança é ainda maior. Somente nos dois primeiros meses do ano, a captação foi negativa em R$ 2,6 bilhões, segundo o BC. Quando houve a marcação a mercado, o movimento foi inverso, com investidores trocando DI e renda fixa pela poupança, que teve em junho de 2002 captação recorde de mais de R$ 5 bilhões.


Texto Anterior: Imposto de renda: Doações em dinheiro têm isenção
Próximo Texto: Metalúrgicos: Autopeças suspende greve por uma semana
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.