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Para empresários, há espaço para juro cair
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os setores produtivo e financeiro contam com a redução mais
acelerada da taxa de juros com a
chegada de Guido Mantega ao
Ministério da Fazenda, mas não
acreditam que ele siga um receituário diferente da política econômica do ex-ministro Antonio Palocci Filho, principalmente com relação à política fiscal do governo.
"Não vejo razão
para não ter otimismo e confiança. Mantega tem
sintonia com o
presidente e não
acho que ele vai
passar de certos limites ou que pratique voluntarismos, mas acho
que ele pode propiciar a redução
mais acelerada da
taxa de juros", disse o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), deputado Armando Monteiro Neto
(PTB-PE), após a posse do novo
ministro.
Para ele, Mantega deverá manter "uma política fiscal responsável". Monteiro Neto espera, porém, que a Fazenda considere políticas que compensem as perdas
sofridas pelo setor exportador por
causa da valorização cambial.
O vice-presidente da General
Motors, José Carlos Pinheiro Neto, espera não somente a queda da
taxa básica de juros, hoje em
16,5% ao ano, mas também "uma
redução significativa" da taxa de
juros aplicada pelo mercado.
"Mais de 70% das nossas vendas
são financiadas. Portanto a taxa
de juros afeta diretamente o desempenho do setor. O novo ministro terá dois calcanhares-de-aquiles: a taxa de juros e o câmbio.
Espero que os juros caiam mais
depressa, mas não espero nenhuma mudança na política cambial,
apenas que haja compensações
pelo que estamos perdendo."
Para o presidente da Febraban
(Federação Brasileira dos Bancos), Márcio Cypriano, a crise que
derrubou Palocci acabou gerando
um fato positivo para alguns setores. "Pelo menos o dólar subiu um
pouco e isso é bom para os exportadores."
Ele afirmou, porém, que a troca
de ministros não abalou o mercado e que a oscilação da Bolsa de
Valores e do dólar nos últimos
dias foi pequena,
sem alteração na
percepção de risco no país.
"O mercado entende que vai haver continuidade.
Já estamos no
processo de baixa
dos juros, mas
ainda há espaço
para quedas, que
poderão ser aceleradas."
Surpreendente
Antes da posse
de Mantega, em
evento da OCDE
(Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico),
o presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), afirmou
que a demissão de Palocci após o
escândalo da quebra do sigilo
bancário do caseiro Francenildo
dos Santos Costa foi surpreendente.
"O desfecho, todos sabem, foi
surpreendente. Espero que o novo ministro possa criar condições
para reduzir os juros, retomar os
investimentos e acertar a mão no
câmbio."
Calheiros declarou que é fundamental que Mantega mantenha o
compromisso da atual política
econômica. O crescimento da
economia, segundo ele, depende
muito da estabilidade das contas
públicas e da retomada dos investimentos.
Para o presidente da Câmara,
Aldo Rebelo (PC do B-SP), com a
nomeação de Mantega o governo
leva à Fazenda um técnico respeitado, reconhecido, disciplinado e
de elevado espírito público.
Colaborou Fernando Itokazu, da
Sucursal de Brasília
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