São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2006

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Para empresários, há espaço para juro cair

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os setores produtivo e financeiro contam com a redução mais acelerada da taxa de juros com a chegada de Guido Mantega ao Ministério da Fazenda, mas não acreditam que ele siga um receituário diferente da política econômica do ex-ministro Antonio Palocci Filho, principalmente com relação à política fiscal do governo.
"Não vejo razão para não ter otimismo e confiança. Mantega tem sintonia com o presidente e não acho que ele vai passar de certos limites ou que pratique voluntarismos, mas acho que ele pode propiciar a redução mais acelerada da taxa de juros", disse o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), após a posse do novo ministro.
Para ele, Mantega deverá manter "uma política fiscal responsável". Monteiro Neto espera, porém, que a Fazenda considere políticas que compensem as perdas sofridas pelo setor exportador por causa da valorização cambial.
O vice-presidente da General Motors, José Carlos Pinheiro Neto, espera não somente a queda da taxa básica de juros, hoje em 16,5% ao ano, mas também "uma redução significativa" da taxa de juros aplicada pelo mercado.
"Mais de 70% das nossas vendas são financiadas. Portanto a taxa de juros afeta diretamente o desempenho do setor. O novo ministro terá dois calcanhares-de-aquiles: a taxa de juros e o câmbio. Espero que os juros caiam mais depressa, mas não espero nenhuma mudança na política cambial, apenas que haja compensações pelo que estamos perdendo."
Para o presidente da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), Márcio Cypriano, a crise que derrubou Palocci acabou gerando um fato positivo para alguns setores. "Pelo menos o dólar subiu um pouco e isso é bom para os exportadores."
Ele afirmou, porém, que a troca de ministros não abalou o mercado e que a oscilação da Bolsa de Valores e do dólar nos últimos dias foi pequena, sem alteração na percepção de risco no país.
"O mercado entende que vai haver continuidade. Já estamos no processo de baixa dos juros, mas ainda há espaço para quedas, que poderão ser aceleradas."

Surpreendente
Antes da posse de Mantega, em evento da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que a demissão de Palocci após o escândalo da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa foi surpreendente.
"O desfecho, todos sabem, foi surpreendente. Espero que o novo ministro possa criar condições para reduzir os juros, retomar os investimentos e acertar a mão no câmbio."
Calheiros declarou que é fundamental que Mantega mantenha o compromisso da atual política econômica. O crescimento da economia, segundo ele, depende muito da estabilidade das contas públicas e da retomada dos investimentos.
Para o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), com a nomeação de Mantega o governo leva à Fazenda um técnico respeitado, reconhecido, disciplinado e de elevado espírito público.


Colaborou Fernando Itokazu, da Sucursal de Brasília


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