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TROCA DE COMANDO
Permanência de Meirelles no BC pode acalmar ânimos
Mercado tem dia agitado
e dólar alcança os R$ 2,209
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dia após a saída de Antonio
Palocci do Ministério da Fazenda,
os investidores correram para
ajustar suas posições no mercado
financeiro. Analistas afirmam que
a permanência de Henrique Meirelles à frente do Banco Central
será fundamental para que o mercado se acalme.
O dólar teve alta considerável de
1,75% ontem, indo a R$ 2,209. A
Bovespa despencou 2,55%. Os juros futuros subiram.
Em entrevista dada ontem pela
manhã, o novo ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou o
atual nível dos juros básicos, o
que não agradou ao mercado. A
falta de sintonia entre Mantega e o
presidente do BC preocupa os investidores.
A resposta do mercado internacional às mudanças no governo
não foi das melhores. O Global 40,
um dos principais títulos da dívida brasileira no exterior, perdeu
1% de seu valor. O risco-país chegou aos 240 pontos no fim das
operações (alta de 1,69%).
"À medida que cada membro
[do governo] que dá credibilidade
à política monetária sair, o mercado vai responder negativamente.
Por isso, é importante que o Meirelles siga no comando do BC",
diz Alexandre Lintz, estrategista-chefe do banco BNP Paribas.
"Ninguém tem certeza absoluta
de que o BC vai seguir com as
mesmas pessoas. E o mercado
acha fundamental que o BC mantenha sua autonomia, seu direito
de conduzir a política monetária
com liberdade", diz Newton Rosa,
economista-chefe da Sul América
Investimentos.
Na esteira das mudanças no Ministério da Fazenda, o banco JP
Morgan recomendou a seus clientes diminuírem sua exposição a títulos brasileiros e ampliar em papéis da Rússia. O temor de analistas é que outras grandes instituições financeiras comecem a alterar suas recomendações, desfavorecendo os ativos brasileiros.
Com o mercado turbulento, o
Tesouro cancelou seu tradicional
leilão de títulos públicos.
Para piorar, o Fed (BC dos
EUA) subiu os juros e deu sinais
de que o processo de elevação das
taxas no país ainda não acabou.
Esse cenário de alta dos juros
americanos acaba por espantar
investidores dos ativos brasileiros, que tendem a migrar para os
papéis do Tesouro dos EUA.
Após o término da reunião do
Fed, no fim da tarde de ontem, a
Bovespa acelerou rapidamente
suas perdas, com os estrangeiros
vendendo ações brasileiras.
Para Rosa, "ainda há muitas incertezas, apesar de o Mantega ter
dito que irá manter a política econômica". "O novo ministro tem
de seguir dando sinais positivos
para o mercado criar confiança",
diz o economista.
Durante o dia, o dólar chegou a
R$ 2,238 (alta de 3,09%).
A BM&F também teve um dia
agitado. As taxas dos contratos de
juros com prazos de vencimento
acima de 18 meses foram as que
mais sentiram o peso das atuais
incertezas. O temor dos investidores é o de que, mesmo que o
novo ministro da Fazenda não
mude nada na política econômica
neste momento, haja mudanças
profundas em um hipotético segundo governo Lula.
No contrato DI que vence em janeiro de 2008, a taxa foi de 14,75%
na sexta para 14,94% ontem.
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