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MERCOSUL
Gros e Marcílio Marques Moreira divergem de economista em debate no Rio
Mundell pede dolarização no Brasil
da Sucursal do Rio
O economista canadense Robert Mundell, Prêmio Nobel de
Economia de 99, uniu ontem contra sua tese de atrelamento da
moeda brasileira ao dólar norte-americano, uma mesa de economistas brasileiros, que incluía o
presidente do BNDES, Francisco
Gros, e o ex-ministro da Economia, Marcílio Marques Moreira.
Mundell, que está no Brasil a
convite do jornal Valor, participou ontem no Rio de debate promovido pela FGV. Ele disse que a
Argentina vem sendo bem-sucedida com o seu câmbio fixo em
relação ao dólar, adotado em
1991, e acrescentou que, se o Brasil
fizesse o mesmo, isso alcançaria
grande repercussão na economia
mundial.
O economista, que dá aulas na
Universidade de Columbia (Nova
York), disse que o mundo tende a
se agrupar economicamente em
blocos monetários em torno das
moedas mais fortes -dólar, euro, iene e um possível consórcio
asiático- e que, para o Brasil, seria mais vantajoso optar pelo dólar do que pelo euro.
De acordo com Mundell, a provável interrupção do ciclo de crescimento acelerado da economia
dos EUA deverá provocar desvalorização do dólar em relação à
moeda européia, gerando por tabela vantagens competitivas para
as exportações brasileiras.
Ele disse ainda que o atrelamento ao dólar provocará a queda dos
juros no Brasil a níveis próximos
aos dos Estados Unidos, estimulando o crescimento econômico.
O atrelamento também facilitaria
a integração do Mercosul, já que a
Argentina já dolarizou sua economia.
Livro texto
Para o presidente do BNDES,
que falou antes e depois de Mundell, a adoção de uma só moeda
no Mercosul é algo desejável e que
ocorrerá mais cedo ou mais tarde,
mas Gros entende que a forma de
se fazer isso ainda precisa ser
muito discutida. "Na Europa demorou 50 anos", disse.
Gros contestou a tese de Mundell sobre a queda dos juros. Ele
disse que, na Argentina, apesar da
dolarização, as taxas são apenas
um pouco mais baixas que no
Brasil e estão muito além das dos
Estados Unidos.
Para Gros, buscar uma moeda
forte é uma tese muito interessante, desde que se defina como chegar a ela. "Enquanto você não discutir o que tem que fazer para
chegar lá, eu diria que é uma tese
de livro texto que não tem nenhuma aplicação na vida real", afirmou.
Para o ex-ministro Marcílio
Marques Moreira, "seria prematuro, perigoso e indesejável" o
Brasil se fixar em uma das grandes moedas, até por causa da
grande volatilidade que existe entre elas. Ele disse ainda que a integração monetária do Mercosul é
parte de um projeto político mais
amplo de integração regional.
O ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, disse que a
adoção do dólar pode até vir a ser
discutida pelo Mercosul, mas em
uma negociação de integração
das Américas. Ele disse que o
Mercosul precisa construir a sua
própria cultura econômica, como
fez a Europa.
Mundell, que estará na próxima
semana em São Paulo, teve também sua tese criticada pelos economistas Carlos Ivan Simonsen e
Carlos Geraldo Langoni, da FGV.
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