São Paulo, sábado, 29 de abril de 2000


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Diretores de fundos deixam cargo

da Redação

Os dois homens da linha de frente dos fundos de investimentos do grupo Soros deixaram seus postos ontem.
Stanley Druckenmiller, 46, que administrou nos últimos 12 anos o maior fundo de hedge do mundo, o Quantum Fund, se afastou do cargo e tirou licença da organização.
Nick Roditi, 54, responsável pelo Quota Fund -outro importante fundo de investimento do grupo Soros-, anunciou que vai se aposentar.
Tanto o Quantum quanto o Quota foram fortemente atingidos pelo recuo da Nasdaq, o mercado de ações da nova economia, nas últimas semanas. O Quantum perdeu 21,69% dos seus ativos este ano. O Quota já caiu 32%.
"Eu fracassei. Eu deveria ter saído (da Nasdaq) em fevereiro", admitiu Druckenmiller. "Eu nunca pensei que a Nasdaq cairia 35% em 15 dias", acrescentou. O principal índice da Nasdaq acumula hoje queda de 25% desde que alcançou seu recorde de alta, de 5.048,62 pontos, em 10 de março.
"Esse negócio é como uma droga. Quando você está indo bem, é difícil largar", disse o investidor.
Conhecido por adotar práticas agressivas no mercado, Druckenmiller fez com que o seu fundo de alto risco conseguisse taxas de retorno anuais que excediam os 30%.
Apesar das grandes apostas nos papéis de alta tecnologia, Druckenmiller havia feito, recentemente, declarações cautelosas a respeito do mercado da nova economia. O cenário atual do mercado de ações, segundo ele, estava "extraordinariamente difícil".
Druckenmiller trabalha com Soros desde 87. Nos anos 80, havia comandado o Dreyfuss Fund.
O novo Quantum será administrado por Duncan Hennes, que havia sido contratado por Soros no ano passado depois de uma temporada no Bankers Trust Corp.

Colapso da libra
A fama de George Soros como homem de investidas de alto risco -e ganhos na mesma proporção- aumentou em 92, com o colapso da libra esterlina.
Na ocasião, Soros ganhou US$ 1 bilhão apostando contra a moeda britânica, o que acabou por precipitar a queda da moeda.
Por esse motivo, Soros passou a gozar da antipatia de alguns governantes.
Em 97, quando eclodiu a crise asiática, o megafinancista foi publicamente responsabilizado pelo colapso das moedas da região pelo premiê malaio, Mahathir Mohamad.
"Mahathir ficará deprimido agora porque não poderá mais acusar ninguém", afirmou Soros ontem.
O megainvestidor, que quer ter mais tempo para se dedicar a suas atividades filantrópicas, afirmou que o novo Quantum será feliz se conseguir "15% de ganho" ao ano.


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