São Paulo, segunda-feira, 29 de abril de 2002

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MERCADOS

Ações das teles e da Petrobras refletem mudança no Ibovespa; mercado fica atento aos resultados de pesquisas

Feriado reduz ainda mais giro da Bovespa

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma semana semelhante à que passou, com a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) particularmente sensível a boatos e a eventos pontuais, é a expectativa de analistas para os próximos dias.
"Mais do mesmo", como diz Jorge Simino, diretor-executivo da Unibanco Asset Management. Mas não necessariamente com nova desvalorização do Ibovespa (índice que reflete o comportamento das 57 ações mais negociadas na Bolsa paulista). "Pode acabar no zero a zero."
A semana tem feriado na quarta-feira, Dia do Trabalho -o que não beneficia o já reduzido giro financeiro da Bolsa. O volume de negócios ficou na média em torno de R$ 500 milhões, mesmo depois de o novo SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiro) ter estreado sem maiores problemas para a gestão de ações.
Além disso, o mercado espera a divulgação de novas pesquisas de intenção de voto.
"O foco da semana são as eleições, hoje mais importantes para a Bolsa do que um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros. A redução da taxa virá com a acomodação da pressão inflacionária, não muda a tendência de mercado", afirma Júlio Ziegelmann, do BankBoston.
A Bovespa fechou a maioria dos últimos cinco pregões em baixa. Na semana, a queda foi de 2,99%.
Além de resultados de sondagens eleitorais -e principalmente rumores depois desmentidos de que Anthony Garotinho (PSB) havia ultrapassado José Serra (PSDB)-, a ata do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), ao projetar inflação mais alta e jogar uma pá de cal na expectativa de queda dos juros nas próximas reuniões, ajudou a derrubar a Bolsa.
A queda de papéis de telecomunicações no mundo todo e, para uma parcela de analistas, a renúncia do ministro argentino da Economia, Jorge Remes Lenicov, completaram o quadro negativo que derrubou a Bovespa na semana que passou.
Na avaliação de Simino, mesmo empresas com boa rentabilidade, como Tele Norte Celular e Tele Centro Oeste Celular, têm sido punidas pelo mercado.
"Há um preconceito generalizado contra as teles", afirma.
O peso do setor de telecomunicações cresce na grade do índice Ibovespa a partir de maio. Esse aumento eleva a procura de fundos passivos e referenciados ao Ibovespa pelos papéis do setor, já que os fundos têm de comprar ações de teles para se ajustar ao novo índice.
Em contrapartida, ações da Petrobras desvalorizaram-se na sexta-feira passada. A queda, com "dólar e preço do petróleo parados" surpreendeu gestores.
A explicação mais ouvida no mercado era que os papéis da empresa estariam perdendo valor por conta da redução da participação do ativo no índice.
"Podem estar vendendo para irem se adequando ao novo Ibovespa", afirma Ziegelmann.

Agenda
Na agenda da semana, além de novas pesquisas de intenção de voto, destaque para o IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado) de abril, que sai hoje, e o fechamento do mês da balança comercial. "Se o seu desempenho continuar decepcionante, já estará no preço. Caso contrário, poderá haver melhora de humor", segundo Simino, do Unibanco.
Nos Estados Unidos, o índice mais importante a ser divulgado é o de desemprego, na sexta-feira.
Cerca de 66% dos resultados do primeiro trimestre das 500 maiores empresas americanas já foram divulgados. Os lucros caíram em média 10%, contra expectativa de queda de 5%.


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