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São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2003

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COMÉRCIO EXTERIOR

Exportador antecipa vendas, e semana tem saldo de US$ 403 mi

Queda do dólar não chega à balança, e superávit cresce

ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A recente desvalorização do dólar ainda não teve impacto na balança comercial. Na última semana, o país exportou US$ 403 milhões a mais do que importou. Com isso, o superávit comercial no ano já é de US$ 5,248 bilhões, quase 3,5 vezes mais que o registrado em igual período de 2002, quando foi de US$ 1,476 bilhão. O
O Ministério do Desenvolvimento avalia que ainda é cedo para saber qual será o efeito da valorização recente do real nas importações e exportações brasileiras. Segundo a assessoria de imprensa do ministério, só nos próximos meses será possível verificar a influência de um dólar mais barato na balança comercial.
Por enquanto, as exportações continuam crescendo num ritmo muito superior ao das importações. Desde o início do ano até a semana passada, o país exportou US$ 19,919 bilhões, 23,38% a mais do que em igual período de 2002, quando as exportações somavam US$ 16,144 bilhões. O valor é o maior da história para o período.
O aumento das exportações não pressionou as compras externas. Tradicionalmente, quando o país passava a exportar mais, as importações também cresciam devido à necessidade de comprar equipamentos e insumos.
De janeiro até a semana passada, as compras externas brasileiras somaram US$ 14,671 bilhões, apenas US$ 3 milhões a mais que em igual período de 2002. Em abril, a média diária de importações cresceu num ritmo maior que nos outros meses -5,8%. O país importou por dia útil neste mês US$ 199,4 milhões. No ano, a taxa de crescimento é de 2,6%. A média das importações diárias está em US$ 188,1 milhões.

Ritmo maior
A média diária de exportações neste mês também cresceu num ritmo maior que no resto do ano. O Brasil vendeu por dia US$ 286,7 milhões, 35,9% a mais que em abril de 2002. A média diária de vendas cresceu 26,5% com relação ao mesmo período do ano passado -US$ 255,4 milhões.
Uma das explicações para o aumento das exportações em abril é a antecipação de vendas de commodities, como café, açúcar, soja e produtos siderúrgicos. O valor desses produtos está em alta e os exportadores temem que os preços caiam devido uma desaceleração da economia mundial.
Apenas nas primeiras quatro semanas de abril, o país acumulou um saldo comercial de US$ 1,485 bilhão, resultado de exportações de US$ 4,874 bilhões e importações de US$ 3,389 bilhões. Em abril do ano passado, o saldo total foi de US$ 495 milhões.
Neste mês, como no resto do ano, as vendas que mais cresceram foram as de produtos básicos (48,2%). As exportações de semimanufaturados e de manufaturados também melhoraram, 32,3% e 29,9% respectivamente.
Do lado das importações, as compras que mais aumentaram foram as de combustíveis e lubrificantes -31,3%. A principal explicação é o aumento do custo do barril do petróleo.

Bom para as exportações
O ministro do Planejamento, Guido Mantega, afirmou ontem que a cotação de R$ 2,96 do dólar é "boa para as exportações e para as taxas de inflação".
"Não nos preocupa a cotação atual. Muitos dos exportadores sempre trabalharam com esse patamar do dólar para fechar seus negócios", disse Mantega. "Ao mesmo tempo, ajuda no combate à inflação."
O ministro disse que não deve haver nenhum movimento do governo para tentar elevar a cotação da moeda norte-americana.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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