DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A onda de greves em montadoras vem sendo acompanhada pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), por meio da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e da Câmara de Relações Exteriores e Defesa Nacional.
O movimento tem "potencial de risco à estabilidade institucional", na avaliação do GSI.
Desde o início do movimento, relatórios periódicos vêm sendo produzidos, avaliando o potencial de alastramento da onda de greves e as condições de segurança das instalações físicas da indústria automobilística, de valor estratégico para a economia nacional.
"[A Câmara] realiza o permanente acompanhamento e estudo de questões e fatos relevantes, com potencial de risco à estabilidade institucional, com o propósito de prover informações ao senhor Presidente da República", disse comunicado do GSI enviado à Folha em resposta a questões a respeito do acompanhamento das greves pelo governo federal.
A Câmara de Relações Exteriores e Defesa, responsável pela segurança nacional, é coordenada pelo GSI. Participam ainda os ministérios da Justiça, Defesa, Relações Exteriores e Casa Civil.
O GSI é também o órgão ao qual é subordinada a Abin, que tem agentes com a função de fazer o "trabalho de campo" de coleta de informações consideradas estratégicas.
No comunicado enviado à Folha, o GSI dá a entender, apesar de não dizer explicitamente, que agentes estão fazendo "trabalho de campo" também no caso das greves em montadoras.
"As evoluções [do movimento] são avaliadas, permanentemente, visando identificar a necessidade e o momento de se proceder a alguma ação de coordenação interministerial, caso surjam ameaças às instituições, à sociedade ou ao Estado", afirma o texto.
A maior preocupação do governo, à parte a ocorrência de atos violentos, é que os movimentos grevistas pressionem pelo retorno à indexação salarial.
(FÁBIO ZANINI)


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