São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2004

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VIZINHO NO ESCURO

Plano semelhante ao do Brasil em 2001 tentará conter o consumo de energia

Argentina terá racionamento de luz

CLAUDIA DIANNI
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES

O governo argentino anunciou ontem um plano de racionamento do consumo de gás e de energia elétrica nos moldes do aplicado no Brasil em 2001. O esquema prevê multas para os consumidores que ultrapassarem a meta de consumo e prêmios para quem economizar.
O objetivo é economizar entre 5% e 7% do volume consumido no ano passado, de acordo com o ministro do Planejamento, Julio de Vido. Segundo ele, a situação na Argentina é diferente da crise vivida pelos brasileiros em 2001 porque no Brasil houve queda no fornecimento de energia.
"Na Argentina houve aumento da oferta de energia, mas o crescimento da demanda foi ainda maior", disse.
Depois de encolher 11% em 2002, o PIB (Produto Interno Bruto) da Argentina cresceu 8,7% no ano passado. A retomada da atividade econômica levou ao aumento do consumo de energia.
Conforme anunciou o secretário de Energia argentino, Daniel Cameron, residências e pequenos comércios que consumam até 600 kilowatts por mês terão uma bonificação na fatura do próximo mês caso consumam menos energia comparado ao mesmo período do ano passado.
Para esses consumidores, não haverá punições. Para cada metro cúbico de gás que economizarem, terão direito a um desconto equivalente ao valor do metro cúbico, de US$ 1.
Já as residências, comércios e indústrias que consumirem mais de 600 kilowatts por mês terão como meta economizar 5% do gás e da energia elétrica gastos em 2003.
Caso ultrapassem a meta, serão multados. Para cada metro cúbico de gás gasto adicionalmente, o consumidor pagará o dobro do preço. O governo ainda não especificou os bônus e penas no caso da energia elétrica.
No próxima semana, os ministros da setor econômico e de infra-estrutura se reúnem para definir os detalhes que vão regulamentar as medidas, prevista para a segunda quinzena do mês.
Segundo Cameron, o foco das medidas será manter o ritmo da atividade econômica e do crescimento de emprego.
"A expectativa é que haja uma boa resposta dos usuários porque o que se economiza nos permite sustentar o crescimento e o emprego que estão em franca alta neste momento", disse.
Na terça-feira, o governo divulgou um aumento de 6,7% no emprego privado formal nos últimos 12 meses. A indústria manufatureira foi o principal responsável pelo aumento, pois registrou um crescimento de 11%.
Brasil e Argentina possuem uma comissão bilateral de cooperação técnica no setor energético. O governo argentino não confirmou, porém, se houve ajuda do Brasil na elaboração do plano.
Em março, o Brasil vendeu 500 megawatts de energia para a Argentina em caráter emergencial. O governo brasileiro licitou empresas para fornecer mais energia ao parceiro comercial a partir de maio.

Chile
O governo argentino também defendeu ontem sua decisão de ampliar as restrições às exportações de gás para o Chile, apesar dos protestos realizados em Santiago (capital chilena). Por causa do aumento da demanda interna, os argentinos diminuíram o envio de gás para os chilenos, que reclamaram de falta de claridade para tratar do tema. Mais de 90% do gás natural usado no Chile é comprado da Argentina.


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