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VIZINHO NO ESCURO
Plano semelhante ao do Brasil em 2001 tentará conter o consumo de energia
Argentina terá racionamento de luz
CLAUDIA DIANNI
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES
O governo argentino anunciou
ontem um plano de racionamento do consumo de gás e de energia
elétrica nos moldes do aplicado
no Brasil em 2001. O esquema
prevê multas para os consumidores que ultrapassarem a meta de
consumo e prêmios para quem
economizar.
O objetivo é economizar entre
5% e 7% do volume consumido
no ano passado, de acordo com o
ministro do Planejamento, Julio
de Vido. Segundo ele, a situação
na Argentina é diferente da crise
vivida pelos brasileiros em 2001
porque no Brasil houve queda no
fornecimento de energia.
"Na Argentina houve aumento
da oferta de energia, mas o crescimento da demanda foi ainda
maior", disse.
Depois de encolher 11% em
2002, o PIB (Produto Interno Bruto) da Argentina cresceu 8,7% no
ano passado. A retomada da atividade econômica levou ao aumento do consumo de energia.
Conforme anunciou o secretário de Energia argentino, Daniel
Cameron, residências e pequenos
comércios que consumam até 600
kilowatts por mês terão uma bonificação na fatura do próximo
mês caso consumam menos energia comparado ao mesmo período do ano passado.
Para esses consumidores, não
haverá punições. Para cada metro
cúbico de gás que economizarem,
terão direito a um desconto equivalente ao valor do metro cúbico,
de US$ 1.
Já as residências, comércios e
indústrias que consumirem mais
de 600 kilowatts por mês terão como meta economizar 5% do gás e
da energia elétrica gastos em
2003.
Caso ultrapassem a meta, serão
multados. Para cada metro cúbico
de gás gasto adicionalmente, o
consumidor pagará o dobro do
preço. O governo ainda não especificou os bônus e penas no caso
da energia elétrica.
No próxima semana, os ministros da setor econômico e de infra-estrutura se reúnem para definir os detalhes que vão regulamentar as medidas, prevista para
a segunda quinzena do mês.
Segundo Cameron, o foco das
medidas será manter o ritmo da
atividade econômica e do crescimento de emprego.
"A expectativa é que haja uma
boa resposta dos usuários porque
o que se economiza nos permite
sustentar o crescimento e o emprego que estão em franca alta
neste momento", disse.
Na terça-feira, o governo divulgou um aumento de 6,7% no emprego privado formal nos últimos
12 meses. A indústria manufatureira foi o principal responsável
pelo aumento, pois registrou um
crescimento de 11%.
Brasil e Argentina possuem
uma comissão bilateral de cooperação técnica no setor energético.
O governo argentino não confirmou, porém, se houve ajuda do
Brasil na elaboração do plano.
Em março, o Brasil vendeu 500
megawatts de energia para a Argentina em caráter emergencial.
O governo brasileiro licitou empresas para fornecer mais energia
ao parceiro comercial a partir de
maio.
Chile
O governo argentino também
defendeu ontem sua decisão de
ampliar as restrições às exportações de gás para o Chile, apesar
dos protestos realizados em Santiago (capital chilena). Por causa
do aumento da demanda interna,
os argentinos diminuíram o envio
de gás para os chilenos, que reclamaram de falta de claridade para
tratar do tema. Mais de 90% do
gás natural usado no Chile é comprado da Argentina.
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