São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2008

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Ações da Oi e da BrT caem até 11% após o negócio

Analistas se questionam se valor do acordo é alto para o grau de incerteza da operação

Para compra da BrT pela Oi ser efetivada, ainda são necessárias mudança na legislação e autorizações da Anatel, da CVM e do Cade


ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO

No primeiro dia útil após o anúncio da compra da BrT (Brasil Telecom) pela Oi, na sexta, os papéis das empresas tiveram queda expressiva na Bovespa. As ações ordinárias da Telemar (Oi) caíram 10,92%. As preferenciais, 9,68%. Já as preferenciais da BrT caíram 4%; as ordinárias, 0,68%.
O tombo surpreendeu parte dos investidores: "Levanta algumas questões: será que a Telemar está se endividando e pagando caro?, indagou José Costa Gonçalves, diretor da Indusval Corretora. Pela manhã, o presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, participou de teleconferências com investidores para explicar a operação. À tarde, a Telemar enviou comunicado à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) sobre as mudanças no controle da empresa.
Em nota, a Oi disse que enviará à Anatel pedido de anuência prévia para a aquisição da BrT caso haja alteração do PGO (Plano Geral de Outorgas). Só com a mudança no PGO -que definiu as regras da telefonia após a privatização- será possível tornar efetiva a operação de mais de R$ 12 bilhões. Fora do mercado financeiro, o risco que a mudança na lei representa divide especialistas. A operação também precisa de autorizações da Anatel, da CVM e do Cade.
O que os especialistas se perguntam é se o valor do negócio é alto para o grau de incerteza da operação. "Por um lado, nos aspectos relativos à segurança jurídica, o negócio pode ser considerado arriscado", diz Juarez Quadros, que foi ministro das Comunicações. Caso a compra não seja efetivada, a Telemar vai desembolsar pelo menos R$ 800 milhões. A multa a ser paga à BrT é de R$ 490 milhões. Outros R$ 315 milhões serão pagos à BrT e ao Opportunity para evitar pendências judiciais. Na noite de sexta, o presidente da Telemar disse que esse é o risco do negócio -e que confia na valorização da nova operadora.
Professor da FGV, Arthur Barrionuevo vê ameaças na análise que será feita pelo Cade: "A operação é prejudicial do ponto de vista dos consumidores, principalmente na telefonia fixa e no acesso à internet". Já o ex-presidente da Anatel Renato Guerreiro diz que o negócio fortalece a concorrência.

Dilma
Questionada em Washington sobre a participação do BNDES na nova tele, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, respondeu: "A participação se deve ao fato de que o banco entra com um volume de empréstimos muito elevado [R$ 2,6 bilhões], então é para garantir a solidez e a qualidade da gestão, o que é muito natural".
Na sexta, o BNDES informou que seu apoio à operação de criação da nova tele soma R$ 2,569 bilhões na reestruturação societária da Telemar Participações, controladora da Oi.


Colaborou SÉRGIO DÁVILA , de Washington


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