São Paulo, segunda-feira, 29 de maio de 2000 |
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CRISE Após adiamento e debate acirrado sobre ajuste fiscal, autoridades econômicas anunciam hoje novo pacote de corte de gastos Argentina vai cortar salário de servidores
GUSTAVO CHACRA DE BUENOS AIRES O governo argentino passou o fim-de-semana tentando resolver divergências internas sobre alguns itens do ajuste fiscal, que visa reduzir os gastos públicos entre US$ 600 milhões e US$ 1,5 bilhão. No final, dois dias após o previsto, decidiu que as medidas serão anunciadas hoje às 12h. O ponto de maior divergência durante a reunião na residência oficial de Olivos foi o corte do salário dos funcionários públicos. De um lado, os integrantes da equipe econômica, liderados pelo ministro José Luis Machinea, se mostraram a favor de uma redução no salário dos funcionários públicos com salário igual ou superior a US$ 700 dólares. Machinea e sua equipe econômica acreditam que o corte nos salários serviria como mais um sinal de que a Argentina está comprometida com a meta de redução do déficit fiscal. Uma outra ala do governo, encabeçada pelo vice-presidente, Carlos "Chaco" Alvarez e pelos ministros do Interior, Federico Storani, e do Trabalho, Alberto Flamarique, defende a redução dos salários somente dos funcionários públicos que recebam mais de US$ 1.000. Seria uma forma de reduzir a insatisfação social. A situação fiscal argentina não é nada animadora. Entre janeiro e abril, o déficit atingiu US$ 2,63 bilhões, bem próximo à meta de US$ 2,69 bilhões prevista para todo o primeiro semestre e acertada com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Pelo acordo com o fundo, para ter acesso a um empréstimo de US$ 7 bilhões, a Argentina terá que impedir que seu déficit fiscal neste ano ultrapasse a marca de US$ 4,7 bilhões. De acordo com versões citadas pela imprensa argentina, o primeiro grupo deve sair vitorioso, principalmente porque há dificuldades para a aprovação da desregulamentação da Previdência Social argentina, outro tema divergente na reunião. Apressar a desregulamentação, prevista para 2001, poderia reduzir o tamanho do corte nos salários do funcionalismo. Protestos A insatisfação social não deve se dar apenas devido à redução de salários de cerca de 200 mil funcionários públicos. O fechamento de algumas instituições públicas pode agravar a situação. Na quarta-feira, haverá uma manifestação organizada pela facção dissidente da CGT (principal central sindical), contra o governo e uma missão do FMI, que estará no país. O governo, para amenizar a insatisfação social, anunciará na terça-feira medidas para reativar a economia, como incentivo às exportações. Texto Anterior: Opinião Econômica - João Sayad: Mesa! Próximo Texto: Bloco: Mercosul poderá ter "duas velocidades" Índice |
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