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NEGÓCIOS
Agências de publicidade, serviços de entrega e centrais de telemarketing se beneficiam com aumento de demanda
Velha economia lucra com Internet no país
FABRICIO VIEIRA E
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
As empresas "pontocom" têm
sido as queridinhas dos investidores nos últimos meses, mas, por
enquanto, quem realmente ganhou dinheiro com a explosão da
Internet no Brasil foram as empresas da boa e velha economia.
Não existem muitas estatísticas
de quanto os investimentos nas
empresas virtuais incentivaram
negócios em outros setores.
No entanto, agências de publicidade, serviços de entrega, fabricantes de veículos e centrais de telemarketing não escondem a satisfação pelo aumento de demanda que o surgimento das empresas de Internet criou.
Antonio Fadiga, da Fisher América, é taxativo: "A Internet salvou
as agências de publicidade e os
veículos de comunicação no ano
passado".
Investimentos
Em 1999, os investimentos em
publicidade foram estimados em
R$ 10,5 bilhões. A cifra corresponde a 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto, a soma de toda a riqueza produzida no país em um ano)
brasileiro e foi 7% superior a do
ano anterior.
"Se não fossem as "pontocom",
os investimentos teriam empatado ou sido menores", afirma Fadiga.
A AMI (Associação de Mídia Interativa) estima que as empresas
virtuais gastaram cerca de R$ 500
milhões com publicidade em veículos tradicionais, como televisão, rádio, revista, jornal e outdoors.
A mesma associação prevê ainda que, neste ano, os gastos dessas
empresas alcancem aproximadamente R$ 1 bilhão.
Mesmo a turbulência que atingiu os mercados financeiros nas
últimas semanas não provocou
alteração das previsões. "As empresas já haviam provisionado
valores para seus gastos com publicidade", explica Antonio Rosa
Neto, presidente da AMI.
O crescimento de empresas da
Internet incentivou as próprias
agências de publicidade a criar divisões especializadas na nova mídia.
Agências como Grottera.com,
DPZ.com e Thunder House surgiram exatamente como resultado
da expansão da Internet no país.
Serviços de entrega
Outro setor que, além de comemorar o crescimento de receitas
espera abocanhar uma fatia cada
vez maior do mercado criado pelas "pontocom" é o de serviços de
entrega.
Existem hoje cerca de 1.500 empresas no setor, de acordo com informações do Sineex (Sindicato
Nacional das Empresas de Encomendas Expressas).
Para a empresa Total Express,
por exemplo, as entregas de empresas de Internet representam
40% do faturamento.
"O comércio eletrônico é muito
importante para nossa empresa.
Nossa expectativa é que ele cresça
muito nos próximos meses", diz
Sérgio Monteiro, da Total Express.
Ele estima que nos próximos
três anos o volume de negócios no
setor ligados à Internet chegue a
US$ 4 bilhões.
O crescimento das entregas do
Submarino, site de vendas, pode
dar uma dimensão da velocidade
em que o negócio cresce.
Hoje, o número de pedidos emitidos diariamente pela empresa é
de 1.500. Há um mês o número
era de mil pedidos.
ECT
As centenas de empresas de entrega, no entanto, abocanham
apenas 30% do mercado de encomendas. A estatal ECT (Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos) mantém a liderança absoluta
no setor.
Todos os sites acabam utilizando o Sedex para entregar uma
parcela de suas encomendas.
No Submarino, um terço delas
vão pelo Correio. O Superoferta.com entrega mais de 90% de
suas encomendas pela empresa
estatal.
No ano passado, o volume de
encomendas entregues pelo Sedex aumentou 11%. Os Correios
não sabem precisar quanto desse
aumento é devido à explosão da
web.
"Mas estamos bastante atentos.
Sabemos que esse é um mercado
natural para a nossa empresa. Os
Correios têm a melhor infra-estrutura de entrega do país", afirma Egydio Bianchi, presidente da
ECT.
Bianchi quer preparar os Correios para competir em áreas que
hoje são dominadas pelas empresas privadas.
"Na zona urbana, por exemplo,
temos consciência de que nós não
somos tão ágeis. Mas estamos nos
preparando para entregar encomendas no mesmo dia dentro da
capital", diz.
O último passo da empresa para
entrar de vez no mundo da Internet foi o lançamento da loja virtual dos Correios. "Estamos
aprendendo a fazer as etapas anteriores à entrega. Vamos nos tornar "experts" em e-commerce",
afirma Bianchi.
Veículos
Setores como o de veículos não
têm números precisos para ilustrar o quanto a Internet aqueceu
seus negócios.
Mas a Fiat, que tem uma série de
veículos utilizados pelas empresas
de entrega, projeta aumento de
35% nas vendas desse ano, impulsionadas pelo comércio eletrônico.
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