|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MERCADO
Empresas estão atentas para riscos da nova economia
Agências de publicidade querem se proteger de "azarões pontocom"
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As agências de publicidade decidiram se proteger dos anunciantes "pontocom" que podem
ser grandes azarões. O fato já
aconteceu nos Estados Unidos e
se repete agora no Brasil.
Nos dois últimos anos, agências
norte-americanas foram surpreendidas pela grande quantidade de portais, com planos de mídia prontos, que desapareceram
do mercado ou reduziram os planos de investimento.
Como o índice de mortalidade e
natalidade das empresas virtuais
era alto, nem todos conseguiram
sobreviver ao processo de seleção
natural que aconteceu Estados
Unidos.
De cada três projetos, um naufragava em menos de dois anos de
operação. As agências, principalmente aquelas de menor porte,
sentiram, então, o baque dos
anunciantes.
"Depois de chegarem ao topo
nos Estados Unidos, as agências
desceram um degrau com a operação pente-fino que só deixou de
pé os anunciantes que eram saudáveis", afirma Flávio Corrêa,
presidente da Abap (Associação
Brasileira das Agências de Publicidade).
No país, as empresas de propaganda -que movimentaram
aproximadamente R$ 10 bilhões
em 99- têm consciência dos riscos da nova economia.
Até agora, porém, conhecem só
o lado róseo da web: os gastos dos
provedores com publicidade devem chegar a R$ 1 bilhão em 2000,
segundo a AMI (Associação de
Mídia Interativa), o dobro do
aplicado em 99.
Mas há um sinal de euforia controlada. A Folha apurou que já estão sendo feitos contratos de risco
para trabalhos publicitários para
empresas virtuais.
Não é regra, mas faz parte do jogo, de acordo com a política de
cada agência. São pagos honorários extras, chamados de valor
"fee" de trabalho, num período
curto a ser acertado. Se a operação
de mídia para aquela conta virtual
for bem-sucedida, esse "fee" é
descontado. Se a conta naufragar,
o valor é embolsado.
"Não era uma atitude muito comum, mas grandes e médias
agências já estão fazendo isso",
diz Sérgio Guerreiro, ex-presidente da Leo Burnett e sócio da
LMS, empresa que presta consultoria para agências.
No caso da On Media, agência
independente que pertence a AlmapBBDO, há uma seleção rigorosa para não cometer enganos de
avaliação em relação às contas
virtuais.
Os projetos de expansão dos
clientes são avaliados e um plano
de investimento publicitário que
caiba no bolso da companhia é recomendado.
"Canso de recusar contas que
podem ser transformar em risco
para a empresa", diz Rodrigo
Mauger, sócio da On Media.
"Em alguns casos fazemos o
"fee", quando há muitas variáveis
envolvidas no trabalho, mas a
nossa política é estabelecer valores fixos."
O fato de o cliente, como um
portal, por exemplo, ter um pé na
velha economia, é um fator visto
como positivo para as agências.
"É sempre mais seguro trabalhar
com contas virtuais de empresas
reais", afirma Geraldo Alonso,
presidente da Publicis Norton.
As agências operam de olho nas
estimativas do mercado. Sabem,
por exemplo, que a Abranet, associação que representa os provedores no país, estima que 50% dos
atuais provedores desaparecerão
até o final do ano.
"Vamos ter muitas baixas. Há
anunciantes com modelos repetitivos e nem todos estarão aí até o
final do ano", avalia Paulo Voltolino, publicitário da Tríade, empresa do grupo Talent com 14
clientes.
Texto Anterior: Negócios: Velha economia lucra com Internet no país Próximo Texto: Anúncios virtuais devem aumentar Índice
|