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São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2003

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DRAGÃO ADORMECIDO

Persistência da queda de preços de alimentos e intensificação de liquidações reduzem estimativa para o IPC

Fipe agora prevê deflação em julho em SP

ALESSANDRA KIANEK
DA REDAÇÃO

A Fipe mudou pela segunda vez neste mês a expectativa da taxa de inflação esperada para julho na cidade de São Paulo. No início do mês, a instituição previa inflação de 0,40%, duas semanas depois reviu para zero e, agora, espera uma deflação de 0,10%.
Essas mudanças refletem a resistência da deflação, que não era esperada pela instituição. Pela quarta semana seguida, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), pesquisado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), apresentou taxas negativas, apesar da esperada concentração de reajustes de tarifas neste mês.
Se confirmada a previsão da instituição de deflação para julho, será a primeira vez que o índice irá registrar variação negativa por dois meses seguidos desde maio e junho de 1999.
Os dados divulgados ontem pela Fipe mostram que os preços caíram 0,28% nos últimos 30 dias, terminados no dia 23 -uma variação negativa um pouco menor em relação à apurada até o último dia 15, de 0,35%.
As liquidações do vestuário, que se intensificaram, a ainda acentuada queda dos alimentos -apesar de menor- e o lento impacto no IPC dos reajustes de tarifas são os principais motivos para a mudança da expectativa da taxa para o mês, diz Juarez Rizzieri, coordenador-adjunto do IPC.
O ciclo de deflação deve ser encerrado em agosto, diz Rizzieri. Segundo ele, o corte da taxa de juros (Selic), realizado pelo Copom na semana passada, pode reduzir o fluxo de capital para o país. Isso poderia gerar uma pressão no câmbio, valorizando o dólar.
Apesar de as indústrias já terem ajustado os preços com uma taxa de câmbio mais elevada, essa nova pressão não deverá ser tão forte, explica o coordenador-adjunto do IPC.
Para agosto, quando os reajuste das tarifas se intensificarem e chegar o período de entressafra de alguns alimentos, Rizzieri espera uma inflação entre 0,6% e 0,8%. Só as tarifas terão um impacto no índice de 0,55 ponto percentual, calcula o coordenador-adjunto.
Com a redução das expectativas das taxas de inflação de julho e agosto, que chegaram a ser de mais de 2% para os dois meses juntos, a Fipe também revisou a taxa esperada para o final do ano: de 8,5% para 8%.
Segundo Rizzieri, esse efeito da volta da inflação será benéfico e contribuirá para a recuperação da economia, desde que o governo continue a reduzir os juros. "A política monetária tem sido severa. O governo está colhendo o fruto que plantou."


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