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DRAGÃO ADORMECIDO
Persistência da queda de preços de alimentos e intensificação de liquidações reduzem estimativa para o IPC
Fipe agora prevê deflação em julho em SP
ALESSANDRA KIANEK
DA REDAÇÃO
A Fipe mudou pela segunda vez
neste mês a expectativa da taxa de
inflação esperada para julho na cidade de São Paulo. No início do
mês, a instituição previa inflação
de 0,40%, duas semanas depois
reviu para zero e, agora, espera
uma deflação de 0,10%.
Essas mudanças refletem a resistência da deflação, que não era
esperada pela instituição. Pela
quarta semana seguida, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor),
pesquisado pela Fipe (Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas), apresentou taxas negativas,
apesar da esperada concentração
de reajustes de tarifas neste mês.
Se confirmada a previsão da instituição de deflação para julho, será a primeira vez que o índice irá
registrar variação negativa por
dois meses seguidos desde maio e
junho de 1999.
Os dados divulgados ontem pela Fipe mostram que os preços
caíram 0,28% nos últimos 30 dias,
terminados no dia 23 -uma variação negativa um pouco menor
em relação à apurada até o último
dia 15, de 0,35%.
As liquidações do vestuário, que
se intensificaram, a ainda acentuada queda dos alimentos
-apesar de menor- e o lento
impacto no IPC dos reajustes de
tarifas são os principais motivos
para a mudança da expectativa da
taxa para o mês, diz Juarez Rizzieri, coordenador-adjunto do IPC.
O ciclo de deflação deve ser encerrado em agosto, diz Rizzieri.
Segundo ele, o corte da taxa de juros (Selic), realizado pelo Copom
na semana passada, pode reduzir
o fluxo de capital para o país. Isso
poderia gerar uma pressão no
câmbio, valorizando o dólar.
Apesar de as indústrias já terem
ajustado os preços com uma taxa
de câmbio mais elevada, essa nova pressão não deverá ser tão forte, explica o coordenador-adjunto
do IPC.
Para agosto, quando os reajuste
das tarifas se intensificarem e chegar o período de entressafra de alguns alimentos, Rizzieri espera
uma inflação entre 0,6% e 0,8%.
Só as tarifas terão um impacto no
índice de 0,55 ponto percentual,
calcula o coordenador-adjunto.
Com a redução das expectativas
das taxas de inflação de julho e
agosto, que chegaram a ser de
mais de 2% para os dois meses
juntos, a Fipe também revisou a
taxa esperada para o final do ano:
de 8,5% para 8%.
Segundo Rizzieri, esse efeito da
volta da inflação será benéfico e
contribuirá para a recuperação da
economia, desde que o governo
continue a reduzir os juros. "A
política monetária tem sido severa. O governo está colhendo o fruto que plantou."
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