São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2003 |
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Manifestantes antiglobalização quebram vitrinas
DO ENVIADO A MONTRÉAL Os diplomatas e ministros que participam da reunião de Montréal foram despertados ontem bem cedo por jovens dispostos a "destruir a OMC", como se lia no tosco cartaz empunhado por um deles na avenida do Le Centre Sheraton Hotel, QG da reunião. Mas o desconforto ficou só no ruído, porque um cordão de policiais e soldados isola, desde domingo, o local, impedindo que os manifestantes destruam de fato a OMC ou a sua miniconferência. Consequência: alguns dos jovens, os mais exaltados, partiram para o vandalismo, destruindo vitrinas dos suspeitos de sempre nessa questão do comércio global -no caso de Montréal, as vítimas foram a filial da loja de roupas Gap e um dos restaurantes da cadeia de fast food Burger King, ambos na rua Sainte Catherine, a principal do comércio da cidade. "O que eles fizeram foi legítimo, porque a política impediu que as vozes dos manifestantes fossem ouvidas", diz Stefan Christoff, um dos organizadores do protesto. Não é, obviamente, a opinião das autoridades canadenses. "Não há desculpa para a violência. Dizer que pretendem destruir este encontro não é muito democrático", reage o ministro do Comércio, Pierre Pettigrew. A manifestação de ontem não tinha mais que cem participantes, embora os organizadores anunciassem milhares. Mas não será a única: até amanhã, quando se encerra a reunião, haverá movimentos diários, terminando com um "grande carnaval" na quarta. A mídia canadense lembra sempre que a reunião de Montréal é a primeira em um país da América do Norte desde o tremendo fiasco da OMC em Seattle (1999), quando os manifestantes cometeram a proeza de impedir que discursasse, na abertura, a então secretária de Estado dos Estados Unidos, Madeleine Albright. Fazem também comparação com a Cúpula das Américas, em Québec, há dois anos, quando os manifestantes travaram com a polícia uma batalha de coquetéis Molotov, bombas de gás, pedras e outras armas. Na ocasião, 110 pessoas ficaram feridas. Mas as circunstâncias são outras. Tanto em Seattle como em Québec reuniam-se as instâncias máximas (ministros da OMC em Seattle e chefes de governo em Québec). Em Montréal, são só 26 representados e nenhuma decisão final pode ser tomada. Segundo: do 11 de setembro em diante, o movimento de protesto perdeu força, e a segurança só fez crescer. Texto Anterior: Rodada comercial: OMC pede flexibilidade até do Brasil Próximo Texto: Integração: Itamaraty vai apurar gravação sobre a Alca Índice |
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