UOL


São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

INTEGRAÇÃO

Fato envolveria brasileiros

Itamaraty vai apurar gravação sobre a Alca

DO ENVIADO ESPECIAL A MONTRÉAL

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, mandou apurar o episódio publicado anteontem pelo principal jornal uruguaio ("El País"), segundo o qual funcionários diplomáticos brasileiros teriam gravado indevidamente conversas com seus colegas do Mercosul sobre a negociação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Amorim tomou conhecimento do episódio em Nova York, durante escala de sua viagem da Colômbia para Montréal (Canadá), onde participa da conferência miniministerial da OMC (Organização Mundial do Comércio).
O ministro chegou no fim da tarde a Montréal, foi direto para uma reunião e, dela, para a recepção e o jantar oferecidos pelos anfitriões canadenses. Por isso, não conversou com os jornalistas. Seus auxiliares não tinham informações sobre eventual resultado da apuração determinada pelo ministro.
O que se sabe é que o acusado (cujo nome, no entanto, não foi mencionado pelo jornal uruguaio) é secretário, o posto em que se inicia a carreira no Itamaraty. A Folha ouviu de diplomatas que o conhecem que não tem perfil de quem comete uma irregularidade desse porte.
Gravar conversas em reuniões diplomáticas já seria considerado uma impropriedade, mesmo que fosse requisitada autorização para os participantes -o que, de acordo com o jornal uruguaio, não aconteceu.

Pressão
A gravação teria sido feita durante reunião do Mercosul prévia a um encontro da Alca para discutir o tema investimentos. Sempre segundo o jornal uruguaio, depois a diplomacia brasileira teria usado o conteúdo da gravação para pressionar técnicos de outros países.
Todas as informações de "El País" aparecem sem a menção da fonte, com o acréscimo de que estaria havendo mal-estar entre as chancelarias uruguaia e argentina em relação à do Brasil.
Se não é apenas intriga, o episódio atrapalha o esforço do governo Luiz Inácio Lula da Silva de reconstruir o abalado Mercosul e de usar o bloco para forjar uma maior integração da América do Sul. (CLÓVIS ROSSI)


Texto Anterior: Manifestantes antiglobalização quebram vitrinas
Próximo Texto: Mercado financeiro: Mercado espera por compulsório menor
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.