São Paulo, Quinta-feira, 29 de Julho de 1999
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Preparação da greve começou há 6 meses

CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio

A greve dos caminhoneiros, deflagrada na última segunda-feira, estava sendo preparada havia cerca de seis meses, segundo Otoniel Bittencourt Fernandes Ribeiro, delegado sindical do Movimento União Brasil Caminhoneiro, que lidera a paralisação.
Ribeiro é delegado da base do pólo cimenteiro de Cantagalo (a 180 km do Rio) e um dos principais líderes dos caminhoneiros que estão parados em frente à Reduc (Refinaria Duque de Caxias), na Baixada Fluminense.
Ele disse que o ""método formiguinha (boca a boca)" foi a melhor forma de divulgação do movimento, juntamente com a distribuição de panfletos com as principais reivindicações da categoria.
Segundo os líderes sindicais que estão comandando a paralisação em frente à Reduc, os panfletos vêm sendo colocados nos caminhões e nos pontos de paradas nas estradas desde o início deste ano. A data de 26 de julho para início da greve já estava definida havia muito tempo.
Segundo Ribeiro, o Movimento União Brasil Caminhoneiro existe "há bem mais de um ano" e está organizado a partir do Sindicato dos Caminheiros do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia, que, embora regional, tem representatividade nacional.
O sindicato lidera outra organização, chamada Coobrascam (Cooperativa Brasileira de Caminhoneiros), que, segundo Ribeiro, é a outra ponta da liderança do movimento.
No centro de toda a organização está o sindicalista Nélio Botelho, presidente do sindicato e identificado pelos motoristas como o presidente da União, embora ele mesmo diga que não possui uma diretoria formalmente constituída e que nem é mesmo uma entidade formal.
Botelho diz que o movimento dos caminhoneiros é totalmente apartidário e desvinculado das centrais sindicais existentes no país, fato confirmado por lideranças ouvidas ontem em frente à Reduc, como o caminhoneiro Carlos César Ramos, 50, ex-estudante de biologia.
Ramos disse que chegou a militar, sem filiação, no PT (Partido dos Trabalhadores), mas que se afastou quando entrou para o movimento sindical. ""Política e sindicato não combinam."
Ramos disse ainda que Botelho tem participação em um programa radiofônico na madrugada, mas afirmou que o programa não foi usado para divulgar a greve. Segundo ele, o programa faz apenas divulgação de oportunidades de fretes para os motoristas.



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