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INDÚSTRIA
Greve pára a Fiat e a Volks, fecha fábricas da Sadia e ameaça entrega de oxigênio a hospitais no Rio
Fiesp cobra atitude enérgica de FHC
ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local
A Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São
Paulo) cobra uma
atitude enérgica do
presidente Fernando Henrique Cardoso para pôr
fim à greve dos caminhoneiros.
"Não estamos tratando de uma
greve qualquer, estamos tratando
de abastecimento, que é uma
questão que exige uma ação firme
do próprio presidente da República", disse Horacio Lafer Piva,
presidente da Fiesp.
Depois de afirmar que o setor
produtivo do país está em alvoroço, Piva citou uma célebre frase de
Goethe -o poeta, escritor e dramaturgo alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832)-
para exigir a intervenção de FHC
na "bagunça nas estradas": "É
melhor um fim com horror do
que um horror sem fim".
Condenando o radicalismo dos
caminhoneiros, Piva disse que o
Brasil não tem a menor condição
de se dar ao luxo de parar.
"Qualquer decisão que seja tomada precisa ser tomada imediatamente, já. A maioria das empresas vai efetivamente parar."
Paralisações
A greve dos caminhoneiros levou a Fiat Automóveis, com sede
em Betim (MG), a decidir pela paralisação da produção hoje, pelo
menos no primeiro turno, que vai
das 6h às 15h30.
A montadora italiana não está
recebendo peças para a montagem dos veículos nas três linhas
de produção: Pálio, Marea e Uno.
Se a greve não acabar, a paralisação da produção poderá se estender pelo turno seguinte e até para
os próximos dias.
Segundo a assessoria de imprensa da Fiat Automóveis, a
montadora não tem recebido carregamento de peças para a sua linha de montagem, que trabalha
no sistema "just in time". Isto é, a
Fiat trabalha com pequeno estoque de peças, já que 75% dos seus
fornecedores estão instalados nas
suas imediações.
Com relação às peças que chegam de fornecedores de regiões
mais distantes e de outros Estados, os problemas são ainda
maiores, já que os caminhões têm
que passar por vários pontos de
protestos.
Os 4.000 operários do turno da
manhã foram comunicados ontem da paralisação da produção.
Os operários do turno da tarde
podem ser dispensados hoje se a
greve não terminar.
A Fiat produz por dia 1.800 carros, sendo metade no turno da
manhã. Os prejuízos financeiros
com a paralisação não foram divulgados.
A unidade da Nestlé em Ituiutaba, no sul de Minas Gerais, também enfrenta problemas de abastecimento por causa da greve dos
caminhoneiros.
Um bloqueio que é feito pelos
caminhoneiros a quatro quilômetros da fábrica da Nestlé impede
que os caminhões que transportam leite in natura cheguem à unidade para descarregar o produto.
Entre as 9h05 e 15h24 de anteontem, a Volks, em Taubaté,
parou totalmente a produção de
Gol e Parati. A partir desse horário até ontem, a empresa operou
com 48,45% da capacidade devido à falta de peças, o que diminuiu a fabricação de 970 para 500
carros ao dia.
A Sadia, uma das maiores produtoras de alimentos industrializados do país, estava ontem com
7 das suas 11 fábricas paralisadas
por causa da greve dos caminhoneiros.
A avaliação do diretor de Finanças e Relações com o Mercado da
empresa, Luiz Murat Júnior, é que
" a greve dos caminhoneiros provocou uma situação de caos para
o setor de produtos agroindustriais, gerando um efeito em cadeia".
Ele estima que hoje mais três indústrias devem parar a produção
por falta de matéria-prima e que
na sexta-feira a produção estará
totalmente paralisada.
Na fábrica da Nestlé em Barra
Mansa RJ), onde são produzidas
diariamente 120 toneladas de requeijão e iogurte, distribuídas para os Estados do Rio de Janeiro,
São Paulo, Minas Gerais, Bahia e
Pernambuco, a produção está
prejudicada porque não houve
entrega de produtos essenciais,
segundo a empresa.
A White Martins, responsável
pelo abastecimento de oxigênio e
outros gases medicinais a hospitais do Rio, divulgou nota informando que "o bloqueio das estradas pelos caminhoneiros está afetando o abastecimento aos hospitais". A empresa apelou para a solidariedade dos caminhoneiros.
Colaboraram a Agência Folha e a Sucursal do
Rio
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