São Paulo, Quinta-feira, 29 de Julho de 1999
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NEGOCIAÇÃO
Decisão foi anunciada na noite de ontem, após reunião uma com o ministro dos Transportes em SP
Lideranças decidem continuar greve

MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local

Lideranças grevistas decidiram, no início da noite de ontem, continuar a paralisação dos caminhoneiros, que entra hoje no seu quatro dia. A decisão foi tomada após reunião entre líderes do movimento e o ministro dos Transportes, Eliseu Padilha (PMDB-RS), que durou mais de quatro horas.
A reunião de negociação ocorreu em um prédio do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), em São Paulo.
Participaram do encontro, além do líder do Movimento União Brasil Caminhoneiro, Nélio Botelho, outros sindicalistas da categoria e empresários de transportes e da área de alimentos.
Segundo Botelho, os caminhoneiros decidiram continuar a paralisação porque o governo não pode dar respostas satisfatórias sobre aumento do frete, redução das tarifas de pedágio, mudança nas regras de pesagem e abatimento da pontuação nas infrações de trânsito.
O ministro Eliseu Padilha disse que o sistema de pontuação é definido por lei e não pode ser alterado. Da mesma forma, disse que a maior parte dos pedágios não está sob responsabilidade do governo federal.
Após o encerramento da reunião, Padilha afirmou que o governo estará aberto a futuras negociações, mas não foi marcada data para uma outra reunião.
Nélio Botelho afirmou que a greve vai continuar enquanto as reivindicações principais não forem atendidas.
O líder grevista, no entanto, reconhece que a liderança não tem controle total sobre os protestos. Botelho afirmou nunca ter orientado os caminhoneiros a bloquear as estradas, o que vem ocorrendo desde a segunda-feira.
Ele disse que fará um apelo para que os caminhoneiros apenas permaneçam nos acostamentos das estradas, sem bloquear o tráfego nas rodovias.
Sobre a possibilidade de confronto com a Polícia Militar ou o Exército, Botelho declarou que seria uma covardia do governo com o trabalhador.
"Talvez, na opinião do governo, seja a única forma de desbloquear as estradas. Não sabemos as consequências", afirmou o líder.
A reunião de ontem entre sindicalistas e governo atraiu vários empresários.
Edmundo Klotz, presidente da Abia (Associação Brasileira da Indústria Alimentícia), disse que o bloqueio de estradas pelos grevistas é uma irresponsabilidade.
"Eles têm que pensar no social. Queremos garantir pelo menos o abastecimento de alimentos", afirmou. Segundo ele, 50% da produção de carnes parou.



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