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EM TRANSE
Quem compra um carro hoje com prazo de financiamento de um ano paga, em média, mais meio veículo de juro
Crediário ficou ainda mais caro em julho
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os juros cobrados pelos bancos
nos empréstimos a seus clientes
registraram forte alta no mês passado. Segundo levantamento feito
pelo Banco Central, a taxa média
anual praticada nos financiamentos para pessoas físicas passou de
70,4% para 74,9% entre junho e
julho.
O maior aumento ocorreu nos
empréstimos concedidos para a
compra de veículos. Nessas transações, os juros médios cobrados
pelos bancos passaram de 42,7%
para 50,4% ao ano -cerca de
3,4% ao mês. Ou seja, ao final do
financiamento, o consumidor pagou juros equivalentes a metade
do preço do automóvel.
No caso das empresas, o aumento foi menor: a taxa passou de
42,3% para 43% ao ano. Se consideradas a soma dos empréstimos
concedidos a pessoas físicas e jurídicas, os juros médios cobrados
pelos bancos passaram de 59,6%
para 62,6% ao ano.
Os números mostram que a redução dos juros básicos da economia determinada pelo BC em junho não chegou aos consumidores. Naquele mês, a taxa Selic passou de 18,5% para 18% ao ano.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz
que "isso [a alta dos juros" é reflexo da crise". Segundo Lopes, o
nervosismo dos investidores provocou uma elevação dos juros de
longo prazo praticados no mercado, mesmo com a redução da taxa
Selic. Por isso, os bancos estariam
apenas repassando esse aumento
para seus clientes.
A inadimplência nos empréstimos bancários registrou um pequeno recuo, caindo de 8,5% para
8%. Segundo Lopes, a queda reflete o pagamento de dívidas por
parte de pessoas que receberam,
nas últimas semanas, a correção
do FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço) por causa dos
planos Collor e Verão.
Lucro
O levantamento do BC mostra
um aumento no ganho dos bancos nas suas operações de crédito.
Esse movimento é observado no
"spread" bancário -diferença
entre aquilo que os bancos pagam
para captar recursos e aquilo que
é cobrado dos clientes.
Entre junho e julho, o "spread"
nas operações com pessoas físicas
subiu de 46,6% para 49,2%. Isso
significa que, dos juros pagos pelos clientes bancários, 49,2% ficam com os bancos, que usam o
dinheiro para diversos tipos de
despesas -pagamento de funcionários, despesas administrativas, além do lucro de cada instituição. Em maio, esse "spread" estava em 50,2%.
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