São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 2002

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EM TRANSE

Quem compra um carro hoje com prazo de financiamento de um ano paga, em média, mais meio veículo de juro

Crediário ficou ainda mais caro em julho

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os juros cobrados pelos bancos nos empréstimos a seus clientes registraram forte alta no mês passado. Segundo levantamento feito pelo Banco Central, a taxa média anual praticada nos financiamentos para pessoas físicas passou de 70,4% para 74,9% entre junho e julho.
O maior aumento ocorreu nos empréstimos concedidos para a compra de veículos. Nessas transações, os juros médios cobrados pelos bancos passaram de 42,7% para 50,4% ao ano -cerca de 3,4% ao mês. Ou seja, ao final do financiamento, o consumidor pagou juros equivalentes a metade do preço do automóvel.
No caso das empresas, o aumento foi menor: a taxa passou de 42,3% para 43% ao ano. Se consideradas a soma dos empréstimos concedidos a pessoas físicas e jurídicas, os juros médios cobrados pelos bancos passaram de 59,6% para 62,6% ao ano.
Os números mostram que a redução dos juros básicos da economia determinada pelo BC em junho não chegou aos consumidores. Naquele mês, a taxa Selic passou de 18,5% para 18% ao ano.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que "isso [a alta dos juros" é reflexo da crise". Segundo Lopes, o nervosismo dos investidores provocou uma elevação dos juros de longo prazo praticados no mercado, mesmo com a redução da taxa Selic. Por isso, os bancos estariam apenas repassando esse aumento para seus clientes.
A inadimplência nos empréstimos bancários registrou um pequeno recuo, caindo de 8,5% para 8%. Segundo Lopes, a queda reflete o pagamento de dívidas por parte de pessoas que receberam, nas últimas semanas, a correção do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) por causa dos planos Collor e Verão.

Lucro
O levantamento do BC mostra um aumento no ganho dos bancos nas suas operações de crédito. Esse movimento é observado no "spread" bancário -diferença entre aquilo que os bancos pagam para captar recursos e aquilo que é cobrado dos clientes.
Entre junho e julho, o "spread" nas operações com pessoas físicas subiu de 46,6% para 49,2%. Isso significa que, dos juros pagos pelos clientes bancários, 49,2% ficam com os bancos, que usam o dinheiro para diversos tipos de despesas -pagamento de funcionários, despesas administrativas, além do lucro de cada instituição. Em maio, esse "spread" estava em 50,2%.


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