LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central teve um prejuízo no primeiro semestre deste ano de R$ 10,910 bilhões. O resultado negativo se deveu principalmente à depreciação dos títulos do Tesouro Nacional que compõem a carteira de ativos do BC. Somente a queda no valor dos papéis representou perda de R$ 10,442 bilhões, o equivalente a 95,71% do total do prejuízo.
Pela Lei de Responsabilidade Fiscal, os resultados negativos do BC têm de ser cobertos pelo Tesouro Nacional. Ou seja, a conta sobra para os contribuintes. O Tesouro tem até o décimo dia útil do ano que vem para capitalizar o BC, via emissão de título.
No entanto, se o preço dos papéis subir no mercado, o BC pode recuperar as perdas, integralmente ou em parte.
No primeiro semestre do ano passado, o BC teve um prejuízo de R$ 4,084 bilhões. No entanto o lucro obtido na segunda metade do ano, de R$ 7,158 bilhões, foi suficiente para virar o resultado da instituição, que ficou positivo em R$ 3,073 bilhões. Em 1999, o prejuízo no ano foi de R$ 13,041 bilhões, o pior dos últimos anos.
Nos últimos meses, devido às turbulências no mercado financeiro, os títulos do Tesouro tiveram forte depreciação, sobretudo as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), que representam cerca de metade dos papéis públicos federais existentes no mercado.
No primeiro semestre, o BC detinha R$ 209 bilhões em títulos do Tesouro. O prejuízo só não foi maior porque o BC pôde classificar parte dos títulos em seu balanço de uma forma pela qual depreciações dos papéis não são registradas contabilmente.
Pelas regras anteriores seguidas pelo BC, toda a carteira de títulos públicos da instituição tinha que ser classificada por seu valor de mercado -ou seja, as oscilações no preço dos papéis eram contabilizadas. Nessa classificação o BC registrou papéis no valor de R$ 166,6 bilhões.
Os outros R$ 42,4 bilhões (a diferença para os R$ 209 bilhões) foram lançados no balanço como "carregáveis até o vencimento". Ou seja, foram registrados pelo valor de aquisição -assim as depreciações sobre essa parcela da carteira não foram computadas.
Se essa parte dos títulos também fosse lançada a valor de mercado, o prejuízo do BC aumentaria em R$ 5,4 bilhões.

Ganhos
Nem todas as operações do BC deram prejuízo. A instituição obteve ganho, por exemplo, com a aplicação das reservas internacionais e com transações com títulos públicos (compra e venda). Por isso que a soma das perdas com os títulos com o prejuízo com as operações de "swap" (R$ 11,539 bilhões) supera o resultado negativo no período (R$ 10,910 bilhões). Isto é, os ganhos compensaram parte das perdas.


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