|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Dólar alto fez BC deixar juros em 18%
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Se o dólar e os juros continuarem nos níveis atuais, a inflação deste ano deve ultrapassar os 6%, segundo o Banco Central. Para o BC, "o aumento da incerteza em relação ao futuro do país" é uma das causas da alta dos preços.
A informação consta da ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), realizada na semana passada. Na ocasião, os juros básicos da economia foram mantidos em 18% ao ano. Também foi adotado um viés de baixa, mecanismo que permite ao presidente do BC, Armínio Fraga, reduzir os juros antes da próxima reunião do Copom, marcada para setembro.
Na reunião do Copom realizada no mês passado, já se projetava
uma inflação acima de 5,5%, que é o teto da meta fixada pelo governo. De lá para cá, porém, o dólar acumulou alta de 9,4% e levou o BC a modificar suas estimativas.
O BC não informou qual sua
projeção para a inflação deste
ano. A expectativa do mercado é
que ela fique em torno de 6,5%.
Em 2001, a alta do IPCA ficou em
7,67%. No novo acordo com o
FMI, a inflação medida pelo IPCA
neste ano poderá chegar a 9%.
Mesmo assim, o BC também viu
sinais positivos na economia, o
que justificou o viés de baixa. Segundo a ata do Copom, "a conclusão do acordo com o FMI e a recepção positiva a seus princípios
gerais pelos candidatos a presidente" seriam fatores importantes para tranquilizar o mercado.
Além disso, o BC afirma que
"espera uma melhora nas condições de liquidez nas linhas de crédito internacional para o Brasil".
A dificuldade que empresas brasileiras têm enfrentado para rolar
suas dívidas no exterior é uma das
causas da alta do dólar.
Em resumo, o BC sinalizou que
a recente alta do dólar justificaria
a manutenção dos juros. Porém,
ao adotar o viés de baixa, a instituição mostra que, assim que a
cotação da moeda dos EUA começar a cair, poderá ocorrer um
corte na taxa Selic. Além disso, a
ata também sinaliza que, em situações como a atual, a manutenção dos juros é decidida não só
pela preocupação com a inflação
em si, mas também pelo dólar.
Juros altos estimulam os investidores a direcionar seus recursos
para aplicações de renda fixa, que
se tornam mais rentáveis. Uma
redução dos juros poderia estimular o mercado a migrar para
outras aplicações, como, por
exemplo, o dólar. Isso levaria a
uma valorização da moeda americana.
A alta do dólar, por outro lado,
torna mais caros matérias-primas
e produtos importados, o que
pressiona os índices de inflação.
Texto Anterior: Títulos caem e banco perde R$ 10,9 bi Próximo Texto: Para analistas, viés de baixa ficará arquivado Índice
|