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CONJUNTURA
Instituto ligado ao governo federal prevê dólar a R$ 2,77 no final do ano
Economia cresceu só 0,6% no semestre, estima Ipea
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
As previsões do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada)
relativas aos principais indicadores de desempenho da economia
brasileira este ano pioraram em
relação às que o órgão, subordinado ao Ministério do Planejamento, havia feito em abril.
Para o PIB no primeiro semestre, a ser divulgado amanhã pelo
IBGE, o Ipea prevê crescimento
de 0,6%.
Segundo o "Boletim de Conjuntura" de julho, divulgado ontem,
o PIB (Produto Interno Bruto), a
soma dos bens e serviços produzidos em um determinado período,
crescerá 1,7% e não 2%; a taxa de
desemprego média do ano será de
7,2%, e não de 6,4%; e a inflação
medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo, índice oficial de inflação)
alcançará 6,6%, e não os 5,2% da
previsão anterior. Para 2003, a
previsão é de crescimento econômico de 3,2% e não mais de 3,6%,
como foi previsto em abril.
O órgão avalia que o câmbio
chegará ao fim do ano em R$ 2,77
por um dólar, contra uma previsão anterior de R$ 2,52, e que os
investimentos externos no país ficarão em US$ 17 bilhões este ano,
e não em US$ 18 bilhões. A taxa de
investimentos, para a qual o Ipea
previa um crescimento de 0,8%,
agora deverá ser de 0,5%.
"Estamos vivendo os efeitos da
instabilidade financeira. As incertezas ligadas ao processo eleitoral
e a alguns choques, como a alta
dos preços dos combustíveis em
abril, que interrompeu a queda
dos juros, tudo isso compõe um
quadro de incerteza no mercado
financeiro que acaba vazando para o lado real da economia", disse
Paulo Levy, coordenador do Grupo de Acompanhamento Conjuntural do Ipea.
Para Levy, o fato de a previsão
para o crescimento do PIB ainda
ser maior que a de 1,3% feita pelo
Banco Central "está dentro da
margem de erro" e não reflete diferença na análise geral do quadro
econômico.
Setor externo
Embora o dólar tenha fechado
ontem cotado a R$ 3,12, o Ipea
avalia que, passadas as eleições, as
incertezas irão se acalmar e haverá espaço para a queda de cotação
da moeda norte-americana, justificando a previsão de fechamento
do ano em R$ 2,77.
O novo quadro permitiria também que a taxa básica de juros,
hoje em 18%, caísse para uma média de 17,3% no último trimestre e
para 17,7% na média do ano.
Segundo Levy, a expectativa de
melhoria do quadro econômico
após as eleições independe de
quem venha a ser eleito presidente da República.
O Ipea avalia que a valorização
do real em relação ao dólar não
afetará adicionalmente o desempenho da balança comercial (exportações menos importações),
que fechará o ano com superávit
de US$ 7,7 bilhões (US$ 5,3 bilhões na previsão de abril).
Graças ao bom desempenho da
balança comercial, o déficit nas
contas externas do país será de
US$ 17,2 bilhões, e não mais de
US$ 20,3 bilhões.
Impostos ou cortes
Para o período a partir de 2003,
o Ipea avalia que a taxa de crescimento econômico será influenciada pelo modelo de poupança
pública (superávit primário) adotado pelo novo governo.
Se for por meio de um aumento
de impostos, o crescimento será
maior nos primeiros anos e cairá
depois, porque a escolha comprometeria a capacidade de investimento do setor privado.
Se o aumento da poupança for por meio de corte de gastos, a redução de investimentos do governo prejudicará o crescimento nos primeiros anos, mas o setor privado terá mais dinheiro para investir e o crescimento será maior a
partir de 2006.
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