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CONSUMO
Agência Nacional do Petróleo diz ao ministro da Justiça que vê "indício de cartel'; governo diz que vai acionar Polícia Federal
Gás cai só 6%; governo chama a polícia
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo acionará a Polícia Federal para investigar a formação
de cartel na distribuição e venda
do gás de cozinha em Fortaleza
(CE), Goiânia (GO) e Florianópolis (SC). Além disso, deve autorizar os revendedores a comprarem
o produto de qualquer distribuidora para aumentar a concorrência e forçar a redução dos preços.
Além de cartel (acordo entre
empresas para determinar preços, quantidades e outras condições de comercialização), há também casos em que as empresas
não apresentam nem sequer a nota fiscal de venda dos botijões. A
investigação pela PF está amparada em MP do governo federal.
Ontem, o diretor da ANP
(Agência Nacional do Petróleo),
Sebastião do Rego Barros, encontrou-se com o ministro Paulo de
Tarso Ribeiro (Justiça) para apresentar "indícios que poderiam ser
interpretados" como cartelização.
Barros afirmou que a ANP prepara uma portaria para autorizar
os revendedores a receber botijões de qualquer distribuidora.
Segundo ele, há 140 mil postos de
comercialização de gás para atender 40 milhões de consumidores.
No dia 19 deste mês, o governo
determinou à Petrobras redução
de 12,4% no preço do gás de cozinha na refinaria. Entre 18 e 24 de
agosto, a ANP identificou uma redução do preço médio de 6,1% em
relação ao período de 4 a 10 do
mesmo mês -de R$ 26,08 para
R$ 24,49. A análise foi feita em 366
municípios de todo país.
Em nova pesquisa, entre 26 e 27
de agosto, a ANP identificou, em
55 municípios, indícios de cartelização de preços. Nesse período, a
cidade de Rondonópolis (MT),
que pratica o maior preço médio
do país (R$ 30,80), apresentou a
maior redução -16,76%- se
comparada ao período anterior à
MP. Nova Iguaçu (RJ) teve o valor
médio mais barato, de R$ 21,12.
A Secretaria de Direito Econômico vai analisar nos próximos
dias o material da ANP. A Folha
apurou que as regiões Centro-Oeste e Nordeste do país são as
que mais apresentam problemas.
Ribeiro e Barros divergiram sobre o atual patamar dos preços
praticados no país. Segundo o diretor da ANP, o mercado apresenta um "comportamento satisfatório", uma vez que a redução
de 6,1% ainda inclui o eventual estoque do dia 18 de agosto, anterior
à MP. Para o ministro da Justiça, a
queda de preço foi "insuficiente".
"Há uma disposição política do
governo em não permitir que a
redução do preço seja apropriada
e deixe de ser repassada para o
consumidor", disse Ribeiro.
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