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JUSTIÇA
Família Nasser diz que consultoria, contratada pelo BBVA, deturpou relatório sobre o Excel, vendido para o banco espanhol
Ex-donos do Excel processam a Andersen
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
LEONARDO SOUZA
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
A família do ex-banqueiro Ezequiel Nasser ingressou com ação
na Justiça Federal dos EUA contra
a empresa de auditoria Arthur
Andersen. Requer indenização de
US$ 346 milhões. A consultoria é
acusada de haver emitido relatórios supostamente fraudulentos
que teriam depreciado o valor do
Excel Econômico, então controlado pela família Nasser, durante o
processo de venda para o espanhol BBVA.
A ação por danos foi aberta na
segunda-feira na Corte Federal de
Nova York contra a Andersen
Worldwide Societé Cooperative
(a controladora mundial da Arthur Andersen). O documento, de
30 páginas, cita apenas a Andersen como ré. Procurados pela Folha, tanto o presidente mundial
da Andersen Wordlwide, Aldo
Cardoso, como o assessor de imprensa da companhia, Patrick
Dorton, não comentaram o processo.
Os advogados da família Nasser
basearam sua ação na lei conhecida pela sigla RICO (Racketeering,
Influence and Corrupt Organizations Act), aprovada pelo Congresso norte-americano nos anos
80 para combater o crime organizado e o tráfico de informações
privilegiadas na Bolsa.
A Andersen fora a consultoria
contratada pelos espanhóis do
BBVA para conduzir o processo
de avaliação (""due diligence") do
Excel e determinar um preço de
compra. De acordo com texto da
ação, durante esse processo, a
consultoria que atendia o Excel, a
Deloitte Touche Tohmatsu, ""teria
apontado inquietações sobre o
tratamento irregular que a Andersen dava a ativos do banco".
No documento, consta que, em
dezembro de 1997, a Deloitte teria
feito uma auditoria na qual estipulava os ativos do Excel em R$
535,9 milhões (em valores da época). De sua parte, segundo a ação,
a Andersen informou em seu relatório, emitido seis meses mais tarde, que o Excel estava insolvente
em mais de R$ 500 milhões.
No documento, aparecem como controladores do banco (autores da ação) Ezequiel Nasser,
seu pai, Rahmo Nasser, e uma irmã, Camélia Nasser, que detinham 55,4% do capital votante do
Excel Econômico. O processo cita
as acusações sobre a participação
da Arthur Andersen em escândalos contábeis em grandes corporações dos EUA, como a Enron.
No processo são citados a diretora de fiscalização do Banco Central, Tereza Grossi, e o ex-diretor
do banco Cláudio Mauch, que
ocupou o mesmo cargo. De acordo com Deborah Srour, sócia do
escritório que representa a família
Nasser, os dois são mencionados
""como representantes do BC que
ameaçaram liquidar o banco (Excel) caso não fosse vendido. O
BBVA também é citado como
participante do ""conluio", segundo termos usados no processo.
Segundo Grossi, o BC apenas
cumpriu a lei. De acordo com ela,
antes de o Excel Econômico ter sido vendido para os espanhóis do
BBVA, o BC havia identificado
que o banco estava com o patrimônio líquido negativo.
Com base na lei 9.447/97, diz
ela, o BC tinha que tomar providências para impedir que a instituição quebrasse. O BC então determinou que os controladores do
Excel Econômico capitalizassem
o banco ou transferissem seu controle. "Foi o próprio Ezequiel
Nasser que nos apresentou o pessoal do BBVA como interessado
em comprar o controle da instituição", disse Grossi à Folha. "O
BC nunca iria impor que o banco
fosse vendido. Se ele [Nasser" não
quisesse transferir o controle, que
fizesse a capitalização."
""O BBV não tem nada a ver com
essa história. A Andersen foi nossa consultora. Funcionou na avaliação de determinados ativos.
Não como ""mandatária" para a
realização do negócio", disse Sérgio Tonielo, porta-voz do BBV.
Ezequiel Nasser e demais controladores do Excel respondem a
processo na 17ª Vara Federal em
Salvador por formação de quadrilha e saques ilegais. A ação foi movida pelo Ministério Público com base em relatório do BC.
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