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São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 2003

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MAIS QUE SUFOCO

Ela só pôde pagar metade do condomínio

Esteticista deixa de pagar plano de saúde

DA REPORTAGEM LOCAL

No último mês, a esteticista argentina Noemi Nikolaus, 55, não conseguiu pagar o plano de saúde. O dinheiro não deu. Também ficou difícil arcar com os custos do condomínio. Pagou apenas a metade do valor. Com o marido sem emprego e um filho na mesma situação, tornou-se mais difícil arcar com todos os gastos do mês.
Não é caso único: há expansão na inadimplência em determinados serviços e cresce o número de cheques sem fundo em São Paulo.
"As dificuldades financeiras acontecem há alguns anos para nós. Neste ano, as coisas apertaram. Pagamos impostos e mais impostos, temos gastos fixos que não podemos cortar", diz.
O marido Guillermo, 62, é técnico químico, passou quatro anos na Alemanha trabalhando para uma multinacional. No Brasil, está sem emprego há três anos. Faz bicos para manter a entrada de recursos na casa.
Viagens para a Argentina, a terra natal, foram cortadas nos últimos anos. Em casa, os gastos com supermercados foram reduzidos e a compra de certos produtos foi cortada. "Está tudo muito caro. Troco produtos e tenho medo de comprar algo sem qualidade, mas esse é o jeito."
Para conseguir boas promoções, Noemi visita várias lojas antes de comprar. "É muito desgastante", afirma ela.
Na tentativa de elevar a renda da família, Noemi -que mora no bairro do Paraíso, região de classe média de São Paulo- cobra dos clientes o mesmo valor do ano passado. "Já tirei boa parte da minha margem de lucro", diz a esteticista. (AM)


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