|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NOVO ACORDO
Economista diz que mercado confia no país
"Pai" do Consenso de Washington é contra o Brasil renovar com o FMI
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Conhecido como o "pai" do
Consenso de Washington -conjunto de receitas econômicas liberais-, o economista britânico
John Williamson disse ontem
acreditar que o Brasil não precisa
renovar o acordo com o FMI
(Fundo Monetário Internacional), que acaba no final deste ano.
Segundo ele, o mercado financeiro já deu sinais de que confia
na condução da política econômica, o que daria segurança ao governo para não precisar recorrer
novamente ao Fundo. "Estou impressionado como o mercado
aceitou o corte de juros. O presidente Lula já provou que é sério e
que não vai fazer bobagens. Estou
convencido disso", disse ele.
Em um cenário de desconfiança, o corte na taxa básica de juros
-neste mês, a queda foi de 2,5
pontos percentuais- levaria naturalmente a uma depreciação da
moeda. A taxa de retorno menor
para os investimentos poderia levar a uma redução no ingresso de
dólares na economia, o que aumentaria a cotação do dólar.
Além disso, Williamson citou
também como sinais positivos,
que reforçariam a tese da boa
aceitação do governo do presidente Lula pelos bancos, a queda
do risco-país e dos índices de inflação. "O Brasil já tem condições
para não fazer um novo acordo."
Para o economista britânico,
que participou ontem do seminário "Consenso de Washington
-Crescimento e Reforma na
América Latina", promovido pelo
Banco Central, o maior desafio do
Brasil agora é manter o corte dos
juros, mas sem despertar novamente a inflação alta.
Segundo ele, vários economistas, apoiados em modelos econométricos, têm dito que a taxa de
juro real (descontada a inflação)
de equilíbrio -aquela que não
pressiona a inflação nem lança a
economia em quadro recessivo-
para o Brasil é de 9% ao ano, o que
ainda seria muito elevada.
Williamson disse que "ninguém
entende" por que os juros reais no
Brasil teriam de ser altos, muito
maiores do que no resto do mundo, mesmo nas economias emergentes. "Eu não acredito que a taxa [9%, em termos reais] precise
ser tão elevada no Brasil", disse.
Para ele, há espaço para o BC continuar a cortar os juros nos próximos meses.
Williamson reconheceu que os
resultados obtidos pelas economias emergentes que seguiram o
receituário do Consenso de Washington na década de 90 foram
decepcionantes. Para ele, isso
ocorreu devido a dois motivos
fundamentais: as reformas estruturais realizadas não teriam sido
suficientes e a economia mundial
enfrentou muitos choques adversos no período.
Ele defendeu que os países
emergentes mantenham as reformas e busquem a estabilidade da
economia como um todo, não somente da moeda.
Texto Anterior: Forte quebra no café derruba o PIB agrícola Próximo Texto: FMI aprova revisão de acordo com Argentina Índice
|