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Ex-gerente da Petrobras assume estatal boliviana do petróleo
Desgastado por acusações de irregularidades, Jorge Alvarado deixa a YPFB; novo titular, sobrinho de ex-ditador da Bolívia, é considerado opção moderada
FABIANO MAISONNAVE
DA REPORTAGEM LOCAL
Desgastado por acusações de
irregularidades vindas do próprio governo boliviano, Jorge
Alvarado deixou ontem a presidência da YPFB (Yacimientos
Petrolíferos Fiscales Bolivianos), empresa estatal boliviana
encarregada de comandar a nacionalização de gás e petróleo,
principal ação até agora do presidente Evo Morales, que tem
enfrentado problemas de falta
de dinheiro e atraso nas negociações com as multinacionais.
Para o seu lugar, foi escolhido
Juan Carlos Ortiz Banzer, ex-gerente da Petrobras Bolívia.
É o primeiro membro do alto
escalão do atual governo boliviano a deixar o cargo. Em auditoria realizada pelo governo
boliviano, Alvarado foi responsabilizado por um contrato de
venda de 2.000 barris de petróleo com a trading Iberoamerica, que repassaria o produto à
empresa brasileira Univen. De
acordo com o governo, caso não
fosse suspenso, o país perderia
US$ 38 milhões.
Irritado com o escândalo, o
governo Morales anunciou
também a demissão do superintendente de Hidrocarbonetos, Víctor Hugo Sainz, e do vice-ministro de Exploração e
Produção, Julio Gómez, os responsáveis pela denúncia contra
Alvarado. Em nota, o principal
partido da oposição, Podemos,
elogiou a demissão de Alvarado, mas criticou a saída dos autores das denúncias.
Membro da elite de Santa
Cruz de la Sierra, principal centro econômico da Bolívia e sede
das empresas petroleiras, Ortiz
Banzer trabalhou como gerente de importações de diesel da
Petrobras Bolívia entre 2001 e
2004, cargo de terceiro escalão.
Ortiz Banzer deixou a Petrobras para trabalhar na empresa
do ex-chanceler Carlos Saavedra Bruno, que chefiou a diplomacia do governo Gonzalo Sánchez de Lozada (2002-3), derrubada por amplos processos
apoiados por Morales. O novo
comandante da YPFB é ainda
sobrinho de Hugo Banzer, líder
de uma ditadura militar (1971-8), mais tarde eleito presidente,
em 1997. Morreu em 2002, antes de terminar o mandato.
Segundo disse à Folha um
funcionário da Petrobras Bolívia, o novo presidente da YPFB
foi considerado uma opção moderada e conhecida pelo setor,
além de ser visto como hábil
negociador.
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