São Paulo, terça-feira, 29 de agosto de 2006

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Ex-gerente da Petrobras assume estatal boliviana do petróleo

Desgastado por acusações de irregularidades, Jorge Alvarado deixa a YPFB; novo titular, sobrinho de ex-ditador da Bolívia, é considerado opção moderada

FABIANO MAISONNAVE
DA REPORTAGEM LOCAL

Desgastado por acusações de irregularidades vindas do próprio governo boliviano, Jorge Alvarado deixou ontem a presidência da YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos), empresa estatal boliviana encarregada de comandar a nacionalização de gás e petróleo, principal ação até agora do presidente Evo Morales, que tem enfrentado problemas de falta de dinheiro e atraso nas negociações com as multinacionais. Para o seu lugar, foi escolhido Juan Carlos Ortiz Banzer, ex-gerente da Petrobras Bolívia.
É o primeiro membro do alto escalão do atual governo boliviano a deixar o cargo. Em auditoria realizada pelo governo boliviano, Alvarado foi responsabilizado por um contrato de venda de 2.000 barris de petróleo com a trading Iberoamerica, que repassaria o produto à empresa brasileira Univen. De acordo com o governo, caso não fosse suspenso, o país perderia US$ 38 milhões.
Irritado com o escândalo, o governo Morales anunciou também a demissão do superintendente de Hidrocarbonetos, Víctor Hugo Sainz, e do vice-ministro de Exploração e Produção, Julio Gómez, os responsáveis pela denúncia contra Alvarado. Em nota, o principal partido da oposição, Podemos, elogiou a demissão de Alvarado, mas criticou a saída dos autores das denúncias.
Membro da elite de Santa Cruz de la Sierra, principal centro econômico da Bolívia e sede das empresas petroleiras, Ortiz Banzer trabalhou como gerente de importações de diesel da Petrobras Bolívia entre 2001 e 2004, cargo de terceiro escalão.
Ortiz Banzer deixou a Petrobras para trabalhar na empresa do ex-chanceler Carlos Saavedra Bruno, que chefiou a diplomacia do governo Gonzalo Sánchez de Lozada (2002-3), derrubada por amplos processos apoiados por Morales. O novo comandante da YPFB é ainda sobrinho de Hugo Banzer, líder de uma ditadura militar (1971-8), mais tarde eleito presidente, em 1997. Morreu em 2002, antes de terminar o mandato.
Segundo disse à Folha um funcionário da Petrobras Bolívia, o novo presidente da YPFB foi considerado uma opção moderada e conhecida pelo setor, além de ser visto como hábil negociador.


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