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Agrofolha
Dólar agora ajuda e custo de produção cai
Fertilizantes, herbicidas, inseticidas e fungicidas poderão custar menos devido à queda da moeda norte-americana
Custo deve cair no Paraná e no Rio Grande do Sul; recuo não é certo no Centro-Oeste, região em que os produtores podem reduzir a plantação
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Os agricultores se preparam
para a safra de verão. O dólar,
que tanto fez o campo perder
renda nos últimos dois anos,
poderá ser um aliado nesta safra no que se refere a custos de
produção.
Fertilizantes, herbicidas, inseticidas e fungicidas podem
custar menos, tanto pela queda
da moeda norte-americana como pelo baixo poder de compra
dos produtores. Descapitalizados, os produtores afirmam
que vão diminuir o uso de insumos.
Paraná e Rio Grande do Sul
devem ter queda nos custos de
produção. Mas esse recuo não é
tão certo no Centro-Oeste. Por
isso, os produtores da região
prometem reduzir a área a ser
semeada.
Os custos de plantio da soja
dos paranaenses deverão recuar 7,5% neste ano, para R$
885 por hectare. No Centro-Oeste, no entanto, onde o
transporte é um dos principais
gargalos do setor, os agricultores esperam redução menor no
custo.
No Rio Grande do Sul, os gastos com produção devem ser
semelhantes aos do Paraná, segundo Tarcísio Minetto, consultor da Fecoagro (Federação
das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul). A
entidade só terá esses dados estimados a partir do próximo
mês.
Os paranaenses, que retomam a liderança nacional na
colheita de grãos, devem ter
queda também nos custos de
produção com milho (8,53%),
algodão (2,8%) e feijão (9,6%),
conforme dados levantados pelo analista José Pitoli para a
Coopermibra (Cooperativa
Mista Agropecuária do Brasil),
de Campo de Mourão (PR).
Mas as quedas do dólar e dos
custos de alguns itens de produção não animam os produtores, que prevêem mais um ano
muito difícil, principalmente
para os que plantam soja e milho.
"Nem Deus ajudando vamos
fechar as contas", diz Carlos
Freitas, produtor de Mato
Grosso do Sul e membro do Departamento de Comercialização de Soja da Cooperfibra
(Cooperativa dos Cotonicultores de Campo Verde), de Campo Verde (MT). "Se tudo der
certo, os produtores vão conseguir pagar a conta do ano."
O plantio de soja vai ser viável do Sul à metade de Mato
Grosso do Sul, diz Freitas. Dessa metade até Primavera do
Leste, se o produtor fizer bem
feita a parte dele, obterá empate entre custos e receitas. Já nas
regiões de fronteira de produção, como Lucas do Rio Verde,
Nova Mutum e Sorriso, "nem
dando tudo certo o produtor se
salva. Não plantaria soja por
lá", diz ele.
Câmbio
Mesmo sendo o responsável
pela redução de custos de produção, o dólar continua sendo o
principal fator de perda de renda dos produtores. Os preços da
soja na Bolsa de Chicago estão
em patamares normais, mas na
hora da comercialização os
produtores recebem bem menos reais devido à desvalorização do dólar.
O câmbio também traz problemas para o milho, cultura
que estava avançando no país.
A demanda interna cresceu
com a liderança nacional nas
exportações de frango e o país
descobriu o mercado externo
para o milho no início desta década.
O avanço da gripe aviária pelo mundo, no entanto, pôs um
freio na demanda por carne de
frango e, conseqüentemente,
reduziu o consumo interno de
milho. Já o real forte reduz as
exportações do produto.
O cenário para os produtores
brasileiros de soja piorou ainda
mais com as recentes notícias
de que tudo vai bem nos Estados Unidos, país que deverá obter supersafra pelo terceiro ano
consecutivo.
A boa safra nos Estados Unidos, líder mundial na produção
da oleaginosa, significa estoques maiores e preços ainda
mais fracos.
O que sobe
Dois itens vão pesar muito no
bolso dos produtores na safra
2006/7, segundo Pitoli: combustíveis e mão-de-obra. Com
o petróleo superando US$ 70
por barril, mesmo nos Estados
do Sul, que estão mais próximos dos portos, os gastos com
transportes sobem até 15%. No
caso do feijão, produto comercializado internamente, a alta
será de 24%.
Em algumas regiões do Centro-Oeste, esse item pode inviabilizar a produção. Freitas
diz que os transportes representam 35% do custo de uma
saca de soja na região. Negociada a US$ 12 nos portos, o custo
de transporte da saca chega a
US$ 4,30.
O aumento do salário mínimo puxou também os gastos
dos produtores com a mão-de-obra, que podem chegar a até
20%, dependendo das culturas,
segundo Pitoli.
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