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Caixa eleva prazo e corta juro para imóvel
Financiamentos passarão a ser feitos em até 30 anos, dez a mais que hoje; juro, seguro e taxa de administração são reduzidos
Banco afirma que medidas atendem boom imobiliário e demanda da classe média; para mutuários, prazo maior também aumenta custos
FERNANDO NAKAGAWA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Caixa Econômica Federal
anunciou prazos maiores para
a compra da casa própria. A
partir de setembro, o financiamento poderá ser feito em até
30 anos, dez a mais que o prazo
atual. A medida vai reduzir o
valor da parcela mensal e baixar a renda mínima exigida para a operação. Para os mutuários, porém, a medida vai gerar
um pagamento maior ao final
do contrato.
No próximo mês, o banco
passa a usar o novo prazo para
todos as operações com recursos da poupança, o chamado
SBPE (Sistema Brasileira de
Poupança e Empréstimo). Nesse segmento, a Caixa tem 37%
de todas as operações no Brasil.
No crédito com recursos do
FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço), o novo prazo também vale. A única ressalva é feita para famílias com renda de até R$ 1.875. Nesse caso,
como há subsídio federal, o prazo não pode ser ampliado.
A decisão de alongar prazos
foi tomada em meio ao boom
do mercado imobiliário no Brasil. Segundo o vice-presidente
de governo do banco, Jorge Hereda, as mudanças foram pensadas para a classe média, principalmente. "É esse segmento
que está de desenvolvendo com
mais rapidez", avalia.
Com a mudança, a Caixa tenta reagir à entrada dos grandes
bancos privados, que geralmente dão crédito de 20 anos.
Mas há sinais de que os prazos
seriam alongados. O Bradesco
já anunciou crédito de 25 anos.
Com o prazo maior, a Caixa
também anunciou redução dos
juros para o financiamento entre R$ 130 mil e R$ 200 mil: a
média caiu de 12% para 10,5%
ao ano. Outros custos, como seguro e taxa de administração,
também caíram.
"A novidade é positiva porque permite que mais pessoas
possam comprar sua casa", diz
o consultor da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação, Rodrigo Santos.
Por outro lado, Santos observa que, ainda que o juro tenha
caído, o novo prazo significa
que o valor pago ao final do
contrato cresce porque as taxas
vão incidir por período maior.
Cálculo feito pelo consultor
revela que o mutuário paga o
equivalente a cerca de 2,3 vezes
o valor do imóvel ao final do financiamento atual -com juro
de 12% e 20 anos. Com as novas
condições, o pagamento mensal cai, mas os dez anos a mais
fazem o total pago aumentar
para o equivalente a quase 4,5
vezes o valor original do imóvel
-com taxa de 10,5% e 30 anos.
Outra ressalva foi feita pelo
professor de matemática financeira José Dutra Sobrinho.
"Enquanto o mundo pensa em
como resolver uma crise gerada
pela oferta irresponsável de
crédito, a Caixa facilita o acesso. Acho que pode ser uma temeridade." Para Hereda, "não é
o prazo que aumenta o risco".
Segundo ele, o que mais abre
brechas para o mau pagador é a
avaliação de crédito dos clientes e o limite de cada operação.
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