São Paulo, quarta-feira, 29 de agosto de 2007

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Caixa eleva prazo e corta juro para imóvel

Financiamentos passarão a ser feitos em até 30 anos, dez a mais que hoje; juro, seguro e taxa de administração são reduzidos

Banco afirma que medidas atendem boom imobiliário e demanda da classe média; para mutuários, prazo maior também aumenta custos

FERNANDO NAKAGAWA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Caixa Econômica Federal anunciou prazos maiores para a compra da casa própria. A partir de setembro, o financiamento poderá ser feito em até 30 anos, dez a mais que o prazo atual. A medida vai reduzir o valor da parcela mensal e baixar a renda mínima exigida para a operação. Para os mutuários, porém, a medida vai gerar um pagamento maior ao final do contrato.
No próximo mês, o banco passa a usar o novo prazo para todos as operações com recursos da poupança, o chamado SBPE (Sistema Brasileira de Poupança e Empréstimo). Nesse segmento, a Caixa tem 37% de todas as operações no Brasil.
No crédito com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), o novo prazo também vale. A única ressalva é feita para famílias com renda de até R$ 1.875. Nesse caso, como há subsídio federal, o prazo não pode ser ampliado.
A decisão de alongar prazos foi tomada em meio ao boom do mercado imobiliário no Brasil. Segundo o vice-presidente de governo do banco, Jorge Hereda, as mudanças foram pensadas para a classe média, principalmente. "É esse segmento que está de desenvolvendo com mais rapidez", avalia.
Com a mudança, a Caixa tenta reagir à entrada dos grandes bancos privados, que geralmente dão crédito de 20 anos. Mas há sinais de que os prazos seriam alongados. O Bradesco já anunciou crédito de 25 anos.
Com o prazo maior, a Caixa também anunciou redução dos juros para o financiamento entre R$ 130 mil e R$ 200 mil: a média caiu de 12% para 10,5% ao ano. Outros custos, como seguro e taxa de administração, também caíram.
"A novidade é positiva porque permite que mais pessoas possam comprar sua casa", diz o consultor da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação, Rodrigo Santos.
Por outro lado, Santos observa que, ainda que o juro tenha caído, o novo prazo significa que o valor pago ao final do contrato cresce porque as taxas vão incidir por período maior.
Cálculo feito pelo consultor revela que o mutuário paga o equivalente a cerca de 2,3 vezes o valor do imóvel ao final do financiamento atual -com juro de 12% e 20 anos. Com as novas condições, o pagamento mensal cai, mas os dez anos a mais fazem o total pago aumentar para o equivalente a quase 4,5 vezes o valor original do imóvel -com taxa de 10,5% e 30 anos. Outra ressalva foi feita pelo professor de matemática financeira José Dutra Sobrinho. "Enquanto o mundo pensa em como resolver uma crise gerada pela oferta irresponsável de crédito, a Caixa facilita o acesso. Acho que pode ser uma temeridade." Para Hereda, "não é o prazo que aumenta o risco".
Segundo ele, o que mais abre brechas para o mau pagador é a avaliação de crédito dos clientes e o limite de cada operação.


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