São Paulo, quarta-feira, 29 de agosto de 2007

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Ganho do setor bancário tem alta com mais crédito e tarifas

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com o resultado da Caixa Econômica Federal, que encerrou ontem a temporada de balanços bilionários dos bancos no primeiro semestre, as 47 maiores instituições financeiras brasileiras lucraram juntas R$ 20,126 bilhões -resultado 24,8% maior do que o registrado no mesmo período de 2006, segundo a Austin Rating.
Mais uma vez, o lucro recorde dos bancos foi calcado na expansão das operações de crédito, um dos negócios mais lucrativos do mundo devido à diferença entre o custo dos recursos captados e o valor repassado ao tomador final, que vem substituindo o ganho em tesouraria que os bancos tinham no passado com os juros altos.
Outro destaque no período foi o aumento da receita com serviços, que inclui as tarifas cobradas dos correntistas e somou ao todo R$ 26,639 bilhões, um crescimento de 14,43% em relação a 2006.
"O crescimento na receita de serviços acontece seja pelo aumento de tarifas, seja pelo volume maior emprestado, que traz taxas como de abertura de crédito. [Os bancos] Também ganharam com taxas de administração elevadíssimas dos fundos", disse Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating.
Para Santacreu, os juros diminuíram consideravelmente no segmento de empresas, mas seguem altos para pessoa física, com exceção das taxas do financiamento de veículos e do crédito consignado, que recuaram com maior velocidade.
Os bancos também aumentaram suas provisões para créditos duvidosos, apesar de a inadimplência seguir baixa, em torno de 5% das carteiras. Isso também se explica pelo maior volume de crédito para pessoa física, que tem inadimplência superior ao das empresas.
Para o segundo semestre, o lucro dos bancos vai depender do quanto a crise financeira, por enquanto restrita aos mercados, terá impacto na capacidade de empréstimo das instituições. O analista da Austin Rating lembra que, no início de agosto, os bancos interromperam a tendência de queda nos juros ao consumidor, o que pode segurar a expansão do crédito, que cresce a um ritmo de 20% ao ano. O Banco Central atribuiu o movimento à crise internacional e ao aumento dos juros no mercado futuro. "Os bancos nem tiveram aumento de custo de captação e já se adiantaram com base nos juros futuros. O crédito vai crescer, mas talvez não com a velocidade projetada antes da crise."


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