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BALANÇA
Preço adverso reduz ganho de exportação
OSCAR PILAGALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um relatório do Banco Central
divulgado nesta semana induz o
leitor à conclusão de que a condição adversa dos preços internacionais é o grande responsável pelo fraco desempenho da balança
comercial do Brasil.
O boletim "Focus", acompanhado por investidores estrangeiros, chama a atenção para o fato
de que o declínio dos preços de
produtos que o país vende no exterior neutralizou mais da metade
do ganho possível, tivessem os valores permanecidos estáveis.
O trabalho é sucinto, mas os números são eloquentes: da desvalorização cambial de janeiro de 1999
até o mês passado, o volume de
exportações cresceu 17,8%, mas o
valor subiu apenas 7,2% porque
os preços internacionais recuaram 11,1% no período.
"As exportações foram punidas
pela redução dos preços", diz
Gustavo Bussinger, coordenador
do Grupo de Comunicação Institucional do BC, responsável pelo
boletim. Os preços mais afetados
foram os de produtos agrícolas,
como suco de laranja, café e soja.
Em menor escala, caíram também os preços de minérios.
As curvas dos índices de preço e
de volume das exportações, mostradas no gráfico, abriram uma
distância mais de duas vezes
maior do que a observada na introdução do Plano Real, em 1994.
A comparação entre esses dois
momentos resume a história recente do comércio exterior do
Brasil. Os preços internacionais
subiram depois do Real, o que
atenuou o déficit comercial provocado pelo câmbio supervalorizado. Mais tarde, após a mudança
do regime cambial, os preços caíram, o que acabou segurando o
superávit provocado pelo câmbio
mais ajustado.
Essa dupla coincidência teve influência determinante no resultado da balança comercial.
Do lado das importações, o cenário internacional também não
ajudou a balança comercial.
Nos 20 meses que se seguiram à
mudança do regime cambial, as
importações declinaram, em volume, 8,7%, segundo o boletim do
BC. Se os preços dos produtos importados tivessem tido a mesma
evolução dos exportados, essa
queda teria sido mais expressiva.
Mas não foi o que ocorreu. Esses
preços subiram, em média, 0,8%
no período e, com isso, a queda
do valor das importações ficou limitada em 6%.
O movimento dos preços internacionais, indica o relatório, prejudicou a balança comercial brasileira nas duas pontas.
O Banco Central prefere não incorporar, nas projeções para este
ano, o preço internacional do petróleo. O argumento é que as fortes oscilações não permitem prever um preço médio de importação, que é que costuma ser levado
em conta pelos economistas.
Por isso, a previsão de superávit
para este ano ainda está em US$
1,8 bilhão, o que é considerado
inatingível. O saldo acumulado
até o momento é bem inferior a
US$ 1 bilhão.
No ano passado, apesar da desvalorização que favoreceu o comércio exterior, o país registrou
déficit de US$ 1,2 bilhão.
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