São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Reunião acaba, mas protestos continuam nas ruas de Praga

VANESSA ADACHI
RICARDO GRINBAUM
ENVIADOS ESPECIAIS A PRAGA

Os protestos continuaram ontem pelas ruas de Praga, mesmo depois do anúncio da antecipação do fim da reunião do FMI. Cerca de 300 militantes ocuparam a rua em frente ao Ministério do Interior da República Tcheca ontem de manhã para protestar contra a prisão de manifestantes na terça.
Até agora, a polícia tcheca já prendeu cerca de 800 pessoas -um terço de estrangeiros. Dezoito estrangeiros e dois tchecos serão processados sob a acusação de desordem pública e agressão contra a polícia. Outros 127 estrangeiros serão deportados. O saldo final da batalha de terça-feira registra cem feridos.
O protesto de ontem contra as prisões acabou gerando mais problemas para os manifestantes. A polícia agiu com firmeza e prendeu mais 80 pessoas. Após ser levadas para a delegacia, foram libertadas duas horas depois.
Apesar do clima de tensão na cidade, não ocorreram maiores incidentes. O comércio voltou a abrir normalmente e os turistas circularam pelas ruas de Praga.

Violentos e derrotados
As principais autoridades do 55º Encontro Anual do FMI e do Banco Mundial trataram ontem de negar que os grupos que se opõem às duas instituições tenham obtido uma vitória pelo fato de a reunião ter se encerrado um dia antes do previsto.
"Foi uma derrota (dos grupos anti-FMI) porque os violentos claramente perderam simpatias e receberam forte rechaço dos cidadãos tchecos", diz Horst Koehler, diretor-gerente do Fundo.
Trevor Manuel, o ministro sul-africano de Finanças que presidiu as sessões, nega até que o Encontro tenha sido encurtado. "Houve na sessão plenária 55 discursos. Vocês podem comparar com a história dos Encontros Anuais e verão que não há diferenças", diz.
A explicação oficial para o Encontro ter sido encerrado quarta-feira, em vez de ontem, é exatamente a de que todos os oradores inscritos já haviam falado.
James Wolfensohn, presidente do Bird, também negou "a vitória das ruas". Para ele, a violência das manifestações causou "enorme dano para as vozes das pessoas que vieram para dialogar".
Ele acha que a violência acabou por tirar o foco do tema da pobreza, "o que foi uma infelicidade para as pessoas que realmente se preocupam (com o assunto)".


Colaborou Clóvis Rossi, enviado especial a Praga

Texto Anterior: Outono de Praga: Para FMI, privatização não resolve tudo
Próximo Texto: Privatizar sistema financeiro no Brasil não é dogma, afirma o FMI
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.