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Reunião acaba, mas protestos continuam nas ruas de Praga
VANESSA ADACHI
RICARDO GRINBAUM
ENVIADOS ESPECIAIS A PRAGA
Os protestos continuaram ontem pelas ruas de Praga, mesmo
depois do anúncio da antecipação
do fim da reunião do FMI. Cerca
de 300 militantes ocuparam a rua
em frente ao Ministério do Interior da República Tcheca ontem
de manhã para protestar contra a
prisão de manifestantes na terça.
Até agora, a polícia tcheca já
prendeu cerca de 800 pessoas
-um terço de estrangeiros. Dezoito estrangeiros e dois tchecos
serão processados sob a acusação
de desordem pública e agressão
contra a polícia. Outros 127 estrangeiros serão deportados. O
saldo final da batalha de terça-feira registra cem feridos.
O protesto de ontem contra as
prisões acabou gerando mais problemas para os manifestantes. A
polícia agiu com firmeza e prendeu mais 80 pessoas. Após ser levadas para a delegacia, foram libertadas duas horas depois.
Apesar do clima de tensão na cidade, não ocorreram maiores incidentes. O comércio voltou a
abrir normalmente e os turistas
circularam pelas ruas de Praga.
Violentos e derrotados
As principais autoridades do
55º Encontro Anual do FMI e do
Banco Mundial trataram ontem
de negar que os grupos que se
opõem às duas instituições tenham obtido uma vitória pelo fato de a reunião ter se encerrado
um dia antes do previsto.
"Foi uma derrota (dos grupos
anti-FMI) porque os violentos
claramente perderam simpatias e
receberam forte rechaço dos cidadãos tchecos", diz Horst Koehler,
diretor-gerente do Fundo.
Trevor Manuel, o ministro sul-africano de Finanças que presidiu
as sessões, nega até que o Encontro tenha sido encurtado. "Houve
na sessão plenária 55 discursos.
Vocês podem comparar com a
história dos Encontros Anuais e
verão que não há diferenças", diz.
A explicação oficial para o Encontro ter sido encerrado quarta-feira, em vez de ontem, é exatamente a de que todos os oradores
inscritos já haviam falado.
James Wolfensohn, presidente
do Bird, também negou "a vitória
das ruas". Para ele, a violência das
manifestações causou "enorme
dano para as vozes das pessoas
que vieram para dialogar".
Ele acha que a violência acabou
por tirar o foco do tema da pobreza, "o que foi uma infelicidade para as pessoas que realmente se
preocupam (com o assunto)".
Colaborou Clóvis Rossi, enviado especial a Praga
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