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Privatizar sistema financeiro no Brasil não é dogma, afirma o FMI
ENVIADO ESPECIAL A PRAGA
O FMI, geralmente tido como
campeão das privatizações, acha
que não deve ser tratada como
dogma a privatização do sistema
financeiro no Brasil.
"Não há uma nova ideologia segundo a qual só o privado é a resposta", disse ontem o diretor-gerente do Fundo, o alemão Horst
Koehler, depois de uma pergunta
específica sobre o processo de privatização de bancos no Brasil.
Durante o 55º Encontro Anual
do FMI/Banco Mundial, encerrado anteontem, o secretário norte-americano do Tesouro, Lawrence
Summers, havia defendido posição oposta: achava que, quanto
maior a participação privada no
sistema financeiro da América
Latina, tanto melhor.
O alemão Koehler também afirma que "a privatização é a direção
principal, porque temos evidências de que é mais eficiente, há
mais acesso ao capital e mais
consciência sobre como lidar com
recursos escassos".
Mas diz que a privatização desse
setor, como de outros, "deve
ocorrer sempre de maneira cuidadosa. Pode haver, por exemplo,
casos em que bancos estatais, ao
estimularem pequenas e médias
empresas por um período limitado de tempo, podem ajudar o desenvolvimento de um país".
Koehler remete a decisão sobre
privatizar ou não para os responsáveis políticos de cada país.
Os comentários foram feitos
durante a entrevista de encerramento do Encontro Anual, presentes também o presidente do
Banco Mundial, James Wolfensohn, e o ministro sul-africano de
Finanças, Trevor Manuel, que
presidiu as sessões.
A entrevista serviu, acima de tudo, para uma reafirmação das teses que frequentaram as discussões em Praga, a saber:
Ênfase na pobreza - Koehler
disse que "fazer a globalização
funcionar para todos é o tema decisivo das próximas décadas".
Tanto o diretor do Fundo como
Wolfensohn voltaram a defender
a abertura de mercados nos países
ricos, para exportações dos pobres, como importante ferramenta para combater a pobreza.
Regimes cambiais - Koehler diz
que o Fundo, em seu "novo enfoque", tem que dar mais atenção
aos regimes cambiais, para evitar
que crises como a asiática voltem
a ocorrer (parte da crise foi atribuída ao colapso das moedas locais, em meados de 1997).
Programas para países de renda
média (como o Brasil) - Wolfensohn anunciou para o fim do ano
um relatório com uma revisão generalizada do suporte que o Banco pode dar a tais países.
(CR)
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