São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 2000

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Privatizar sistema financeiro no Brasil não é dogma, afirma o FMI

ENVIADO ESPECIAL A PRAGA

O FMI, geralmente tido como campeão das privatizações, acha que não deve ser tratada como dogma a privatização do sistema financeiro no Brasil.
"Não há uma nova ideologia segundo a qual só o privado é a resposta", disse ontem o diretor-gerente do Fundo, o alemão Horst Koehler, depois de uma pergunta específica sobre o processo de privatização de bancos no Brasil.
Durante o 55º Encontro Anual do FMI/Banco Mundial, encerrado anteontem, o secretário norte-americano do Tesouro, Lawrence Summers, havia defendido posição oposta: achava que, quanto maior a participação privada no sistema financeiro da América Latina, tanto melhor.
O alemão Koehler também afirma que "a privatização é a direção principal, porque temos evidências de que é mais eficiente, há mais acesso ao capital e mais consciência sobre como lidar com recursos escassos".
Mas diz que a privatização desse setor, como de outros, "deve ocorrer sempre de maneira cuidadosa. Pode haver, por exemplo, casos em que bancos estatais, ao estimularem pequenas e médias empresas por um período limitado de tempo, podem ajudar o desenvolvimento de um país".
Koehler remete a decisão sobre privatizar ou não para os responsáveis políticos de cada país.
Os comentários foram feitos durante a entrevista de encerramento do Encontro Anual, presentes também o presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn, e o ministro sul-africano de Finanças, Trevor Manuel, que presidiu as sessões.
A entrevista serviu, acima de tudo, para uma reafirmação das teses que frequentaram as discussões em Praga, a saber:
Ênfase na pobreza - Koehler disse que "fazer a globalização funcionar para todos é o tema decisivo das próximas décadas".
Tanto o diretor do Fundo como Wolfensohn voltaram a defender a abertura de mercados nos países ricos, para exportações dos pobres, como importante ferramenta para combater a pobreza.
Regimes cambiais - Koehler diz que o Fundo, em seu "novo enfoque", tem que dar mais atenção aos regimes cambiais, para evitar que crises como a asiática voltem a ocorrer (parte da crise foi atribuída ao colapso das moedas locais, em meados de 1997).
Programas para países de renda média (como o Brasil) - Wolfensohn anunciou para o fim do ano um relatório com uma revisão generalizada do suporte que o Banco pode dar a tais países. (CR)


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