São Paulo, quinta-feira, 29 de novembro de 2001 |
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TRABALHO Defeito tumultua apuração; líderes pedem e deputados deixam plenário Após o mistério do painel, governo foge da votação
DENISE MADUEÑO JULIANNA SOFIA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Um defeito no painel eletrônico da Câmara tumultuou a apuração do resultado da votação do projeto que modifica a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) na sessão de ontem da Câmara. Foi mais um lance do cabo-de-guerra entre governo e oposição em torno do projeto que permite que acordos prevaleçam sobre a lei. Com medo de perder na votação nominal iniciada pelo presidente da Casa, Aécio Neves (PSDB-MG), após a votação simbólica, os líderes governistas (PSDB, PFL, PPB e PTB) obstruíram, pedindo que os deputados da base deixassem o plenário para não dar quórum à sessão, que contou com 200 presentes -197 votaram contra o projeto, 1 a favor e 2 se abstiveram. O PMDB, partido da base aliada, continuou contra a proposta e comemorou com a oposição o problema no painel. "Agora eu quero ver!", gritavam os deputados Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS) e Waldemir Moka (PMDB-MS). Rejeição Às 18h, em votação simbólica do projeto, Aécio havia considerado a maioria dos votos contrária ao projeto. "A avaliação inicial é pela rejeição ao projeto", anunciou Aécio, iniciando em seguida a votação eletrônica, que não apresentou resultado. Para obstruir, os governistas argumentaram que muitos deputados que haviam registrado o voto a favor do projeto tinham deixado o Congresso. "Nosso pessoal está pegando o avião", afirmou o deputado Ney Lopes (PFL-RN), um dos relatores da proposta. "Mandei o pessoal embora. O PFL não votaria sob pressão e sob vaias", argumentou o líder do partido na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE). Questionado se os deputados governistas abandonaram o plenário com medo de aparecerem na TV votando a favor do projeto, Madeira respondeu: "Não. Alguns deputados votaram e me avisaram que estavam indo embora. Por isso decidimos obstruir a votação". A decisão de Aécio em fazer a votação nominal no microfone do plenário foi aplaudida pela oposição e criticada por governistas. Inocêncio afirmou que Aécio devia ter esperado mais tempo e chamado os líderes para decidir a questão. Aécio, sem consultar os líderes governistas, atendeu à questão de ordem do líder do PT, Walter Pinheiro (BA), e cumpriu o regimento, que manda fazer votação nominal em caso de problemas no painel eletrônico. Segurança O esquema de segurança montado ontem na Câmara dificultou ainda mais o acesso de manifestantes às galerias do plenário. Aécio limitou a apenas 60 pessoas o acesso ao local onde é possível acompanhar as votações. A CUT obteve liminar (habeas corpus) no Supremo Tribunal Federal para garantir a entrada de 120 pessoas. Às 14h30, os sindicalistas tentaram entrar, mas não conseguiram. Aécio considerou a liminar como interferência do Judiciário no Executivo. Até o final da tarde, poucos tinham conseguido ocupar as galerias, que estavam quase vazias. O número de pessoas só chegou próximo ao total estipulado pela presidência da Câmara perto do final da votação do projeto. Colaboraram Lucio Vaz, Luiza Damé e Kennedy Alencar, da Sucursal de Brasília Texto Anterior: Trabalho: Painel quebra, governo foge, CLT emperra Próximo Texto: Painel da Câmara deve ter auditoria externa Índice |
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