São Paulo, quinta-feira, 29 de novembro de 2001

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Próximos passos geram divisão entre governistas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Há divisão entre os líderes governistas a respeito da estratégia do governo sobre o polêmico projeto que altera a CLT. Apesar de a tendência ser votar na semana que vem, o governo pode tirar a urgência, o que na prática deixaria a proposta para 2002.
Se o painel eletrônico puder ser usado, cresce a possibilidade de votar, porque o processo é rápido e expõe os parlamentares favoráveis a menor desgaste na opinião pública. O projeto tem sido bombardeado na mídia.
Se o painel não estiver liberado, porque há uma auditoria em curso, a alternativa é a votação nominal, na qual cada parlamentar declara voto ao microfone. Com isso, o governo pode desistir, porque há mais chance de defecções na base.
Daí a cautela do líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), que prefere fazer uma avaliação e falar de novo com o presidente Fernando Henrique Cardoso antes de prometer votação. Ele falou que a oposição quer fazer "um Carnaval".
Os líderes partidários Jutahy Magalhães (PSDB-BA) e Inocêncio Oliveira (PFL-PE), porém, diziam ontem que estão prontos para votar. Eles avaliaram que o resultado da votação de ontem, que não valeu porque não foi atingido o quórum mínimo necessário, mostrou que o governo sairia vencedor.
O governo conseguiu uma presença alta para um projeto que precisa ser aprovado por maioria simples (50% mais um de pelos menos 257 presentes). Terminada a votação eletrônica, o painel registrava 463 deputados.
O defeito no painel de votação, porém, impediu que se soubesse o resultado dessa votação e levou o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), a fazer uma segunda votação, que foi nominal. No entanto, os governistas derrubaram o quórum da sessão, que exigia pelo menos 257 presenças, a fim de evitar surpresas.
Sem os governistas, o quórum caiu para 200 deputados. "Eles não têm mais do que 200 votos. Como havia 463 no plenário, íamos ganhar", disse Inocêncio.

Comando
Pela manhã, FHC assumiu o comando da mobilização pela aprovação do projeto. Ele exigiu dos líderes aliados que o projeto fosse votado ontem mesmo e telefonou para governadores do PMDB pedindo que orientassem suas bancadas na Câmara para votarem a favor da proposta.
Para Inocêncio, a entrada do presidente nas negociações era garantia de aprovação.
Na reunião com os líderes no Alvorada, FHC não deu chances de argumentação e foi irredutível quanto à manutenção do regime de urgência.
O presidente afirmou que foi realizada uma pesquisa nacional na qual mais de 50% dos entrevistados disseram que concordavam com o projeto.
(DENISE MADUEÑO, LUCIO VAZ e KENNEDY ALENCAR)


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