São Paulo, quinta-feira, 29 de novembro de 2001

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TRABALHO

Presidente assume comando da mobilização e pede apoio dos líderes dos partidos aliados para aprovação do projeto

FHC pressiona governadores pela votação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso assumiu ontem o comando da mobilização pela aprovação do projeto que flexibiliza a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Ele exigiu dos líderes aliados que o projeto fosse votado ontem mesmo e telefonou para governadores do PMDB pedindo que orientassem suas bancadas na Câmara para votarem a favor da proposta.
O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), disse que a entrada do presidente nas negociações era a garantia de aprovação da proposta.
"Hoje [ontem" vai haver mobilização dos ministros e governadores. O presidente vai telefonar para governadores. Quando o governo faz essa mobilização, nunca perde a votação", disse o pefelista.
Na reunião com os líderes no Palácio da Alvorada pela manhã, Fernando Henrique não deu chances de argumentação e foi irredutível quanto à manutenção do regime de urgência.
O presidente disse que o assunto já havia sido discutido, que era bom para o país e que era preciso votar o projeto. Afirmou ainda que foi realizada uma pesquisa nacional na qual mais de 50% dos entrevistados disseram que concordavam com o projeto.
Ontem, o alvo principal do governo foram os partidos da base que ficaram contra o projeto na sessão de anteontem: o PMDB e o PTB. O governo decidiu não liberar emendas de congressistas desses partidos e não receber peemedebistas no Palácio do Planalto.
Deputados integrantes da base de sustentação de FHC declararam suspeitar de interesses não revelados do governo na aprovação do projeto. O presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), disse que era preciso ver o que estava atrás da pressa do governo em querer aprovar o projeto. O presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), tentou convencer FHC a retirar a urgência do projeto, mas não conseguiu.
"Acho que o ministro Dornelles [Francisco Dornelles, do Trabalho" considerou que seria difícil aprovar o projeto no próximo ano por ser um ano eleitoral. Certamente ele convenceu o governo da necessidade de urgência", disse Aécio.
Não houve liberação expressiva de recursos para o atendimento de emendas de parlamentares nos últimos dois dias. Na noite da primeira votação, porém, quando a oposição saiu vitoriosa, foram feitos 17 empenhos às 23h20 -um horário atípico- no valor total de R$ 3,6 milhões.
(DENISE MADUEÑO E LUCIO VAZ)


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